Sendo empresário, certamente recebe pedidos recorrentes do seu parceiro bancário, a solicitar o “balancete mais recente”, normalmente para “atualizar os limites” ou a ficha de cliente.
Quando pretende contratar uma nova operação bancária, este documento é um dos primeiros a serem solicitados. E mesmo nestes casos, este documento não é suficiente. Acontece também com cada vez mais frequência a solicitação de um plano de negócio. Os bancos precisam de mais informação do que aquela contida num simples balancete.
As exigências do mundo de negócios atual configuram desafios constantes às empresas. Maior exigência de cumprimento fiscal e burocrático, maior reporte de informação, maior exigência por parte dos parceiros (banca, clientes, fornecedores, etc.) e maior necessidade de informação de gestão que permita aos empresários tomar decisões.
Um simples balancete não permite responder a tudo isto.
O que é um balancete?
Um balancete é uma demonstração financeira que evidencia o plano contabilístico e a as suas respetivas contas e saldos a débito ou crédito. Pode ser usado como instrumento de controlo interno, ao permitir analisar a situação financeira de uma empresa, em determinado período.
Vantagens e Limitações do balancete?
Uma das principais vantagens está relacionada com a rapidez de obtenção de informação que possibilitam, assim os serviços de contabilidade o permitam. Por outro lado, as práticas contabilísticas meramente para efeitos fiscais anulam por completo esta possibilidade. Não existe ainda na generalidade dos micro empresários, uma cultura de obtenção de informação de gestão, reservando para os serviços de contabilidade esta gestão.
Sendo um documento contabilístico intermédio, é um instrumento “de trabalho”, pelo que a informação que consta no mesmo só fica efetivamente fechada com o encerramento de contas, o que configura também uma limitação.
Mesmo o simples reporte de contas (Balanço + Demonstração de resultados) é atualmente demasiado limitador para avaliar o potencial de criação de valor por parte das empresas, por não incorporar informação extra-financeira.
Uma outra limitação, que será talvez a mais relevante, está relacionada com os dois pontos anteriores.
- Sendo um documento contabilístico é informação passada, não incorporando perspetivas futuras para o negócio da empresa – informação essencial para análise de viabilidade de uma operação financeira por parte da banca;
- Sendo um documento contabilístico só tem também informação financeira, o que significa que faltam vários níveis de informação relevante (estratégia, envolvente, mercado, marketing, operações, recursos humanos, etc.);
- Esta falta de informação representa pouca informação de gestão e pode ser interpretada também pelos parceiros, em alguns casos, como indicador de falta de transparência (mais transparência representa menor risco para a banca).
É essencial nos dias de hoje utilizar a informação contabilística disponível e trabalhá-la numa ótica de gestão para os mais variados fins, através de uma infinidade de ferramentas que os empresários têm à disposição: Plano Estratégico, Plano de Negócio, Business Case, Relatório de Gestão, etc. Independentemente dos objetivos atuais e futuros de uma organização, urge dar estrutura e estabelecer processos de prestação de informação relevante.
É essencial também adotar uma postura proactiva de reporte e envio de informação relevante para o seu parceiro bancário. Ao enviar informação estruturada, antes que esta seja solicitada, está transmitir confiança, organização e profissionalismo.
Ao mesmo tempo, as empresas mais transparentes e com melhores práticas de gestão, têm também melhor performance.
Não, o balancete não chega. É preciso mais e existem programas que o podem ajudar a pensar e estruturar a sua estrutura, organização e sistemas de reporte de informação, otimizando a sua relação com os parceiros financeiros.
Do que está à espera?
“Basicamente, gestão significa influenciar a ação. Gestão é sobre ajudar as organizações e as suas unidades a fazerem o que tem que ser feito, o que significa ação.” – Henry Mintzberg