Uma empresa de sucesso é aquela que consegue ter um desempenho de excelência em pelo menos 7/8 anos consecutivos e que correspondem aproximadamente a 2 ciclos económicos.
Para conseguir identificar estas empresas alargámos o período de análise para os 11 anos em que se atribui o estatuto PME Excelência. Os critérios para a sua atribuição foram aumentando gradualmente de exigência e finalmente estabilizaram em 2016.
Algumas empresas conseguem ser PME excelência num ano, mas poucas conseguem manter este estatuto ao longo do tempo.
Analisando as empresas do distrito de Leiria e concelho de Ourém durante os últimos 5 anos, observamos que 490 empresas conseguiram atingir o estatuto PME Excelência, das quais apenas 22 (4,5%) conseguiram manter o estatuto de excelência ininterruptamente durante este período. Estas empresas merecem todas o nosso reconhecimento.
Se olharmos para o período entre 2010 e 2020, observamos que apenas onze empresas obtiveram este estatuto durante pelo menos sete anos:
Os dados financeiros que serviram de base à classificação supramencionada são relativos ao período entre 2009 e 2019. É ainda importante realçar que, durante este período, as empresas foram afetadas pela crise do subprime, que aconteceu nos Estados Unidos em 2008. Adicionalmente, entre 2011 e 2014, a economia portuguesa também foi afetada pela intervenção da Troika, motivada pela crise da dívida pública. Neste contexto desafiante, estas onze empresas do distrito de Leiria conseguiram manter um desempenho excelente.
Este desempenho é explicado por fatores externos (condições do mercado e a intensidade competitiva) e fatores internos (dimensão e a capacidade de gestão).
Vejamos os setores destas empresas:
- Comércio por grosso: Auto Delta, Santos, Monteiro & Cª., Hidromarinha e Teclena. Apresar do mercado destas empresas ser diferente e existirem vários concorrentes, estas empresas conseguem destacar-se;
- Indústria: Hugo Fernandes, uma fábrica de portas e automatismos, e V.S.V, uma fábrica de moldes. Uma das razões que pode justificar o facto de poucas empresas industriais estarem neste ranking é a necessidade que estas empresas têm de efetuar investimentos em tecnologia e que afetam nos primeiros anos a sua performance;
- Restauração: O Bigodes e Calrai. Pela sua localização, estas empresas não concorrem entre si, sendo que nas áreas onde operam, Caldas da Rainha e em Alcobaça, a concorrência é forte;
- Panificação: Dionísio Marques Agostinho;
- Serviços de saúde: Leirivida;
- Comercialização a retalho de computadores: Comsoftweb.
Estas empresas são de setores diferentes, com diferentes concorrentes e dinâmicas de mercado. Nesse sentido, o sucesso destas empresas não se explica pelo mercado nem pelas condições competitivas.
Relativamente à dimensão, verificamos que 5 destas empresas são pequenas e 6 médias. O número de colaboradores varia entre 22 e 108. Logo, a dimensão também não explica a excelência das empresas.
Também não são as exportações que explicam este desempenho, já que só três empresas exportam Santos e Monteiro (39% do volume de negócios), Hugo Fernandes (51%) e V.S.V (34%).
No que respeita à capacidade de gestão, consideremos as capacidades dinâmicas que os gestores e as suas equipas possuem. Estas permitem detetar e explorar novas oportunidades (análise), compreender e responder às mesmas (escolha da estratégia) e reconfigurar os seus negócios através dos seus recursos e do investimento em novas tecnologias (execução da estratégia). Isto é alcançado através da combinação e articulação dos recursos internos (essencialmente as pessoas) e das oportunidades do mercado.
Estas onze empresas e as suas equipas de gestão conseguiram responder, com sucesso, aos desafios que foram enfrentando. Como tal, este é um fator comum a todas estas empresas, sendo provavelmente a explicação para a excelência das mesmas.
Por fim, seria muito interessante realizar um estudo aprofundado das razões do sucesso destas empresas, incluindo como responderam aos desafios colocados pela situação de pandemia em que vivemos.