Historicamente, a principal fonte de capital das PME portuguesas tem sido o financiamento bancário. O elevado endividamento de algumas provoca sufoco na gestão financeira, sobretudo em alturas de crise, podendo mesmo ser um entrave ao seu crescimento. Este paradigma tem vindo alterar-se lentamente nos últimos anos, à medida que outros mercados ganham maioria dinamismo. Falo do capital de risco e dos business angels por exemplo, cuja atividade tem vindo a intensificar-se junto das PME portuguesas.
Recentemente também a Euronext Lisboa, alinhada com a sua congénere global tem vindo a desenvolver esforços para atrair pequenas e médias empresas para o mercado de capitais, quer em formato de capital próprio (ações) ou dívida (obrigações).
No final de 2019, enquadrada na DMIF II (Diretiva dos Mercados de Instrumentos Financeiros), a Euronext, empresa que gere a bolsa de Lisboa, adquiriu o estatuto de “SME Growth Market”. O objetivo é facilitar o acesso das PME aos mercados de capitais nos seus vários formatos, ajustando e simplificando os regulamentos aplicáveis a estas empresas.
Com estes objetivos, as PME portuguesas têm agora à sua disposição prospetos mais simples do que as grandes empresas. As PME ficam também isentas de algumas das obrigações ao nível da Regulação de Abuso de Mercados, nomeadamente no regime de deveres de informação.
Esta simplificação não reduz exigências mas simplifica-as, tornando possível às empresas de menor dimensão aceder a estes mercados.
Atualmente o Grupo Euronext tem listadas mais de 1.100 PME, que totalizam mais de 137 mil milhões de euros de capitalização bolsista. Estas empresas angariaram mais 50 mil milhões de euros em capital (próprio e obrigações) e executaram 307 OPV’s (Ofertas Públicas de Venda).
Uma das formas de entrada em bolsa que a Euronext Lisboa tem procurado aproveitar é através das empresas de private equity no momento de saída destas do capital das empresas. A entrada em bolsa responde perfeitamente a este desígnio. Algumas empresas optam também primeiro por uma emissão obrigacionista ao invés da dispersão de algum ou todo o seu capital em bolsa.
Este “novo” enquadramento traz também algumas exigências às empresas, sobretudo no que respeita à comunicação com os investidores e à transparência. Torna-se necessário preparar de forma atempada este enquadramento, criando hábitos de partilha de informação financeira e outra com o mercado (investidores, financiados, reguladores, público em geral). Esta exigência obriga as empresas a adquirir melhores hábitos de gestão e melhores práticas de reporte e partilha de informação.
Vantagens:
- Acesso a um mercado com investidores profissionais e particulares que podem potenciar o crescimento da empresa;
- Maior visibilidade e notoriedade;
- Mais liquidez com acesso facilitado a capital;
- Contributo para a motivação dos colaboradores;
- Mais transparência e melhores práticas de gestão;
- Maior eficiência associada à necessidade de gerar resultados para remunerar investidores;
- Mais valor.
A bolsa pode ser um importante catalisador de valor para as PME, permitindo-lhes crescer de forma organizada e sustentada. Torna-se então necessário pensar estrategicamente na empresa com este desígnio, estabelecendo objetivos e implementando medidas que prepararem a empresa para uma entrada em bolsa de forma sustentada. A bolsa surge assim como mais uma fonte de financiamento das PME que deve ser considerada ao lado de outras disponíveis no mercado.
Esta é uma excelente altura para recorrer a especialistas que o ajudem e à sua empresa a preparar o seu futuro, planeando antecipadamente todo este processo.
Existem também programas de capacitação que têm como objetivo a promoção do aumento de dimensão das PME portuguesas, ajudando-as a pensar a sua estrutura de capital, que permitem analisar esta e outras fontes de financiamento, ao mesmo tempo que alavancam uma reflexão estratégica de suporte a todo este processo.
O futuro começa agora e a sua PME pode ser a próxima cotada na Euronext!
Fontes:
https://www.euronext.com/pt/raise-capital/sme