Qual é o segredo do sucesso na liderança de equipas de excelência?
A primeira ideia que surge é a imagem do líder: um líder carismático, o “Líder Herói”, que sozinho, com a força das suas palavras, motiva toda a sua equipa para prosseguir e vencer numa missão aparentemente impossível (ex: Russel Crowe em “O Gladiador” ou Al Pacino em “Any given sunday”).
Com base nesta ideia, muito se tem escrito sobre a importância da personalidade e comportamento de um líder no alcance do sucesso de uma equipa e a formação em liderança centra-se muito no desenvolvimento das características do líder.
Jack Welch dizia que até sermos um líder, o nosso desenvolvimento é determinante para o sucesso. Mas quando somos um líder, o sucesso está no desenvolvimento dos outros.
Olha-se agora para o líder como alguém que escuta, que orienta mais do que dirige, que faz vir ao de cima as competências e a energia dos “seguidores”.
No entanto, vários estudos têm demonstrado que o estilo de personalidade e comportamento do líder, por si só, têm um impacto reduzido no sucesso de uma equipa. E da minha experiência, se é verdade que por vezes nos cruzamos nas empresas com líderes extraordinários que rapidamente associamos ao sucesso das suas equipas, também é verdade que por vezes nos cruzamos com maus líderes e ficamos sem perceber o que move aquelas equipas para um desempenho excelente.
Mas então o que é que conduz ao sucesso das equipas?
George Graen considera que uma equipa não é simplesmente composta por uma pessoa responsável (o líder) e por um pequeno grupo de funcionários subordinados mas sim, composta por uma pessoa formalmente responsável, um pequeno grupo ativo de parceiros interessados e de uma rede de alianças interpessoais estratégicas.
Uma boa forma de desenvolver a motivação da equipa para uma performance excelente assenta nas alianças estratégicas entre os seus membros relativas ao seu respeito reciproco pela competência, confiança nos motivos e comprometimento com a equipa e com a missão.
A liderança de equipas depende de negociações sérias envolvendo todos os membros da equipa sobre o que cada um pode e deseja fazer em variadas situações, sendo que uma importante competência de liderança de equipas é o grau de mestria na arte de construir e manter alianças estratégicas e depois usá-las para planear, organizar, implementar e adaptar com vista a mudanças inovadoras para além do “business as usual”.
Neste enquadramento é importante olhar para os “seguidores” de forma diferente, não como pessoas passivas à espera de ser motivadas. A realidade é que muitos colaboradores tornam-se seguidores porque procuram ativamente estar mais conscientes e ganhar maior controlo sobre a sua situação no emprego: procuram oportunidades para alcançar uma maior influencia sobre a sua vida no trabalho.
As ações de liderança de equipas nas organizações são adaptativas, ponderadas, criativas e muitas vezes formas pragmáticas de 2 ou mais pessoas irem além do “business as usual” por uma causa. É o esforço cooperativo de uma equipa de membros auto-conscientes em que cada um partilha respeito pela competência, confiança na motivação e compromisso entre cada um e com a sua missão.
Assim, as competências necessárias para os que procuram papéis quer como seguidores quer como líderes incluem ser capaz de:
- Construir alianças estratégicas adequadas e evitar as falsas alianças;
- Desenvolver planos de ação apelativos para os parceiros de aliança;
- Organizar uma equipa para a mudança;
- Implementar um plano de ação;
- Adaptar as ações conforme necessário.
Outro aspeto importante na liderança de equipas de excelência é o treino.
As equipas que treinam juntas apresentam desempenhos muito superiores às que treinam separadas. O treino conjunto permite que os membros da equipa partilhem modelos mentais de como sistemas relevantes operam. Esta partilha torna as equipas mais eficientes e produtivas em situações desafiadoras e dinâmicas.
O treino conjunto também permite às equipas desenvolverem sistemas de memória transacionais, que consistem no conhecimento de quem sabe o quê na equipa. Estes sistemas permitem o rápido acesso ao conhecimento, melhoram os processos de integração da informação e de tomada de decisão, influenciam a perceção da eficiência dos colegas e aumentam satisfação dos membros e a sua identificação com a equipa e a organização.
As equipas que treinam em conjunto têm ainda a oportunidade de construir e testar alianças estratégicas durante o treino, permitindo aos membros anteciparem como e quando as funções de liderança devem ser organizadas, desenvolvendo novas opções de liderança quando o responsável formal falha.
Então o sucesso na liderança de equipas de excelência vai depender do líder, dos seguidores, da rede de alianças interpessoais estratégicas formada e do treino da equipa.
A performance de uma equipa é função da rede de alianças, da competência, da motivação e da oportunidade face a uma dada situação de mudança.