O Empreendedorismo é fundamental nas sociedades para a geração de riqueza dentro do país, melhora as condições de vida da população e abre novas portas à inovação através da transformação de conhecimentos em novos produtos.
Empreender vai muito para além da criação de empresas. Empreender também é criar valor, saber identificar oportunidades e transformá-las num negócio rentável.
O primeiro passo depois de estruturada uma ideia passa por definir uma estratégia apontando a direção de longo prazo a seguir pela empresa. Nesta fase inicial de implementação da ideia a incerteza quanto à estratégia a seguir é constante. Amar Bhide demonstrou no livro Origin and Evolution of New Business que 93% de todas as empresas bem-sucedidas acabaram por abandonar a estratégia original, uma vez que esta se revelou não ser exequível.
Aquando da definição da estratégia, são também definidas as formas de financiamento do projeto a implementar. Aqui os empreendedores podem optar por ser eles próprios os investidores ou obter capitais de outra fonte, por exemplo, por financiadores externos.
Mas, de que forma é que os investidores que aplicam o seu dinheiro nestas ideias podem saber quando e o que exigir do negócio aos empreendedores?
De acordo com a teoria do bom e do mau capital, numa fase inicial da vida da nova empresa, quando a estratégia vencedora ainda não é clara, o capital bom dos investidores tem de ser paciente com o crescimento, mas impaciente com o lucro. Os investidores exigem que a nova empresa encontrem uma estratégia viável o mais rapidamente possível e com o mínimo investimento, precisamente para que os empresários não gastem muito dinheiro a prosseguir a estratégia errada.
Se observarmos concursos de ideias de negócio como, por exemplo, o Shark Tank, verificamos que também os “tubarões” alertam para este tipo de questões. Na opinião destes especialistas, o facto de um empreendedor ter pouco capital para investir pode ser visto como uma oportunidade para o negócio vir a ser bem-sucedido pois, como não dispõe de uma grande verba para investir, tende a desperdiçar menos a prosseguir uma estratégia em que não obtenha lucro.
Uma vez que o objetivo principal dos investidores é o crescimento e a rendibilidade, esta teoria dá aos investidores informação de quando é que devem pressionar os empreendedores no sentido da rendibilidade ou do crescimento. Na fase inicial esta pressão deve ir de encontro à rendibilidade. Depois de encontrada a estratégia que consideram viável para o negócio da empresa, os investidores devem tornar-se impacientes com o crescimento.
Qual é grande diferença entre as empresas que têm êxito e as que acabam por não ser bem-sucedidas?
A grande diferença entre as empresas que alcançam o sucesso e aquelas que acabam por “ficar pelo caminho” reside no simples facto de que as primeiras depois de definirem a estratégia inicial, aquela que lhes parece mais acertada, conseguem ter uma reserva de dinheiro que usam quando a estratégia inicial fracassa, as segundas investem todo o seu dinheiro na estratégia que definem inicialmente e quando esta fracassa não dispõem de recursos para mudarem de direção e experimentar outro rumo.
O caso da Motorola com o seu projeto da Iridium é um exemplo bem ilustrativo de que todo o capital que procura crescimento antes do lucro é o mau capital.
A Iridium acabou por ficar muito conhecida mas, não pelas melhores razões, uma vez que foi classificada como uma das 20 maiores falências da história dos EUA. Esta empresa de telefones por satélite apoiada pela Motorola, investiu 5 biliões de dólares para construir e lançar a sua infraestrutura de satélite (num total de 66 satélites) para fornecer serviços de telefone em todo o mundo sem fios.
A sua estratégia passou por, numa fase inicial do projeto, fazer um investimento avultado com o objetivo da empresa crescer rapidamente, esquecendo-se de primeiro pensar numa forma de torná-lo rentável. Este facto levou a que este negócio se revelasse um grande fracasso.
Por outro lado, a razão pela qual a Honda acabou por ser bem-sucedida na entrada na indústria de motociclos nos EUA, foi o facto de ter poucos recursos financeiros. A Honda acreditava que o seu produto estrela nos EUA seriam as motos de grande cilindrada mas, numa fase inicial, a Honda viu-se obrigada a ser paciente em relação ao crescimento e apostar num produto que inicialmente nem estava para ser comercializado naquele mercado – as pequenas motos Super Cub usadas pelos seus funcionários – pois precisava do lucro que este gerava. Ironicamente a aposta nas motos Super Cub revelou-se muito rentável, enquanto as vendas das motos de grande cilindrada não tinham expressão.
Em conclusão, se a Honda tivesse mais recursos para investir neste negócio esses seriam mau capital e possivelmente teriam impedido o sucesso alcançado nos EUA.
E o seu capital? É bom ou mau capital?
Espera pelo lucro antes de se focar no crescimento? Ou continua a investir no crescimento sem rentabilidade?