Tem um imóvel livre que pretende rentabilizar?

Já pensou alugar o seu automóvel quando não está a usá-lo?

Não tem um bem para rentabilizar, mas tem um talento que gostaria de colocar a render?

O conceito não é novo, os princípios em que se baseia a Economia da Partilha são idênticos aos do início da existência humana, em que se trocavam bens e serviços de pessoas que os detinham para as pessoas que deles necessitavam. A grande diferença é que o aparecimento deste novo modelo de negócio permite à distância de um clique ter acesso a um conjunto mais alargado de bens e serviços que antes estava limitado.

“A economia da partilha é uma forma de transformar qualquer coisa num mercado e qualquer pessoa num microempresário”.

Alec Ross, autor do livro “Indústrias do Futuro”

A Economia da Partilha, Economia Partilhada ou Sharing Economy, utilizando o termo anglo-saxónico, é um modelo económico em que são rentabilizados os ativos que normalmente são pouco utilizados. Os indivíduos conseguem trocar diretamente bens e serviços com os compradores e vendedores, sem a existência de quaisquer intermediários. Por exemplo: em média um carro europeu está estacionado 92% do tempo, este sistema permite que o proprietário desse veículo alugue o carro quando este não o estiver a usar. No caso das habitações apenas utilizadas em tempo de férias, o proprietário pode rentabilizar o seu investimento através do seu aluguer nos meses que não estiver a ocupar a casa.

O aparecimento deste novo modelo de negócio surgiu pela convergência de três fatores principais: a crise económica, o aumento da consciencialização dos indivíduos para as questões ambientais e o crescimento das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC).

A diminuição do rendimento disponível das famílias e o aumento de desemprego, consequências da crise, impossibilitaram os cidadãos de continuarem a comportar-se de acordo com o modelo consumista e nada sustentável até então seguido. A proliferação das novas TIC e o aparecimento de plataformas onde se reúnem todo o tipo de bens e serviços que o consumidor deseja ter mas, não conseguia comprar, aliado ao facto de tudo isto estar à distância de um clique, tem permitido um crescimento exponencial desta nova forma de fazer negócio. O consumidor deixou de pagar pela posse do produto ou serviço em si, pagando apenas o benefício que este lhe traz.

Em 2015 na União Europeia (UE), a Economia Partilhada nos setores do alojamento, transporte, serviços domésticos e profissionais e financiamento coletivo gerou 28 mil milhões de euros em transações. As estatísticas dão conta de uma duplicação nas receitas: passaram de 1.8 mil milhões em 2014 para 3.6 mil milhões de euros em 2015.

Os principais benefícios apontados à Economia Partilhada são o acesso alargado a um conjunto de bens e serviços a um preço inferior, a redução do desperdício associado à falta de utilização, a redução dos custos de transação através do uso de plataformas online, a partilha dos custos e o facto da reputação de cada empresa estar dependente dos comentários sem filtro dos clientes (gerando uma pressão contínua para a melhoria de desempenho).

Uber, Airbnb, Farfetch, ou OLX são exemplos de novas empresas que desenvolveram o seu modelo de negócio assente neste conceito de Economia Partilhada.

A UBER é a maior rede mundial de táxis e não tem um único táxi; a Airbnb não tem um único quarto/casa mas aluga milhões de dormidas; a portuguesa Farfetch é um sucesso de vendas online e não produz uma única peça de roupa; o OLX é a plataforma líder em classificados a nível mundial, no entanto não tem um único produto ou serviço daqueles que são oferecidos na sua plataforma.

Todas estas empresas têm um ponto em comum: são negócios assentes numa plataforma tecnológica que facilita as transações entre fornecedores e clientes ou entre quem quer comprar e quem quer vender. Nenhuma delas produz quaisquer bens ou serviços oferecidos.  

No ranking das 10 empresas mais valiosas do mundo cotadas em bolsa, 3 delas (Amazon, Alibaba e Facebook) desenvolvem o seu modelo de negócio com base no conceito da Economia Partilhada (dados do Expresso de 24/03/18).

É expectável que no futuro a Economia Partilhada continue a crescer. De acordo com um estudo da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) estima-se que na UE a Economia Partilhada gere 270 mil milhões de euros em transações em 2025, o que corresponde a receitas na ordem dos 80 mil milhões de euros. Os especialistas acreditam que surgirão novos projetos em setores como a saúde, a energia e a economia circular.

No futuro, o aparecimento destas empresas inovadoras e com novos modelos de negócio traz grandes desafios às empresas tradicionais e a necessidade de adaptarem o seu modelo de negócio a esta nova economia.

Está a ajustar o seu modelo de negócios a esta nova realidade?

 

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