Nem sempre necessitamos de contratar pessoas novas ou de desenvolver novas competências nas pessoas que temos. Por vezes, precisamos apenas de as ajudar a exprimir melhor o seu potencial.
Tradicionalmente, as empresas dependiam do capital financeiro para terem sucesso. Quem tivesse maior capacidade financeira poderia investir mais em equipamentos e recursos físicos, assim obtendo os maiores retornos. Mas estes recursos revelam-se cada vez mais fáceis de imitar pelos concorrentes (que tenham capacidade financeira), o que faz com que essa vantagem não seja sustentável.
Nas décadas mais recentes, as empresas perceberam o potencial do capital humano (conhecimentos e competências resultantes de educação e experiência) e do capital relacional (relacionamentos, redes, ligações e dinâmicas grupais intra ou interorganizacionais que resultam em normas e valores partilhados e em confiança entre as pessoas). Enquanto o capital financeiro permite apenas comprar ou copiar o que já se conhece, o capital humano está na origem da inovação e do desenvolvimento de novas ideias, produtos e estratégias. O capital relacional, por seu lado, tem um papel importante ao multiplicar o potencial do capital humano através da partilha e construção conjunta de conhecimento, o que lhe permite ganhar uma dimensão tácita que dificulta a sua imitação.
Mais recentemente, ganhou-se consciência do capital psicológico. O capital psicológico (PsyCap) consiste no estado psicológico positivo de desenvolvimento pessoal e compreende 4 componentes: o optimismo (acreditar que os acontecimentos positivos dependem de nós), a auto-confiança (acreditar que temos a capacidade para mobilizar recursos cognitivos e atingir resultados desafiadores), a esperança (força de vontade e capacidade de encontrar caminhos alternativos para o sucesso), e a resiliência (capacidade de recuperar de adversidades ou acontecimentos desafiadores). Uma pessoa com capital psicológico mais desenvolvido acredita que o sucesso depende mais de si do que de factores aleatórios, confia mais nas suas capacidades (capital humano), tem mais força de vontade para perseguir os seus objectivos e consegue ultrapassar mais facilmente situações difíceis, conseguindo assim ser mais eficaz e eficiente na aplicação das suas capacidades físicas e intelectuais. Com estas capacidades psicológicas, as pessoas têm melhor desempenho, comprometimento e satisfação no trabalho, absentismo e rotatividade mais baixas, são mais resistentes ao stress, lidam melhor com a mudança e, genericamente, são mais felizes.
Embora não se possa simplesmente adquirir capital psicológico, a boa notícia é que cada um de nós pode desenvolver o (muito ou pouco) que já tem. Várias organizações implementaram já programas de desenvolvimento do capital psicológico dos seus colaboradores e os resultados são muito positivos. As intervenções têm conseguido aumentar de forma significativa e sustentável as várias componentes do capital psicológico das pessoas envolvidas, com os consequentes benefícios pessoais e organizacionais.