Escrevi em setembro o artigo Gerir com Alma e desde logo emergiu no meu pensamento o exemplo do Sr. Manuel Novo da Erofio.
Conhecemo-nos em 1989 quando o Sr. Manuel Novo estava a vender a sua quota na Inpomoldes. Tive o privilégio de acompanhar há 30 anos o nascimento da Erofio e o desenvolvimento do grupo que formou e que se afirmou como uma referência na área dos moldes e plásticos.
O Sr. Manuel Novo sempre defendeu que a Erofio deveria servir o cliente e que para isso seria fundamental ter recursos adequados. A aposta foi sempre em pessoas qualificadas e motivadas e em tecnologia que apoie e permita um serviço de excelência que surpreenda os clientes. Várias vezes o Sr. Manuel Novo me contou como se sentia orgulhoso dos resultados dos testes dos moldes, superando as expectativas dos clientes com o seu elevado desempenho. Este é um valor chave na empresa.
Desde o início da sua empresa o Sr. Novo sempre pensou e executou com pormenor as grandes decisões da empresa (trabalhadores, clientes e tecnologia) e todos os pequenos detalhes da organização da empresa. É frequente ver este empresário a tratar dos grandes problemas da empresa e ao mesmo tempo a verificar o ponto de situação de cada molde. Esta forma de gerir está de acordo com o que sugere o fundador da Panasonic K. Matsushita: “As grandes e as pequenas decisões são da minha inteira responsabilidade. As decisões de nível intermédio podem ser delegadas.”
Esta visão global da empresa permitiu ao Sr. Novo ter uma perspetiva de inovação nas suas múltiplas dimensões: tecnologia, processos, organizacional e marketing. Em diferentes momentos o empresário soube encontrar o equilíbrio para a empresa na área da inovação.
Na recente ligação profissional que tive com o Sr. Novo verifiquei que a sua principal preocupação era envolver as pessoas no processo de decisão, admitindo, se necessário, atrasar o processo para incluir os responsáveis. Ou seja, trata-se de trazer para o centro do processo o grupo concretizando o conceito de cooperança.
Nas várias festas de natal e aniversário do Grupo em que participei verifiquei a sua grande preocupação com os colaboradores e a noção que a empresa é uma comunidade em que todos se reconhecem e respeitam.
Este respeito pelas pessoas, e em especial pelos que trabalham diretamente com ele, permite um relacionamento de nível elevado em que todos se desafiam e podem discordar. Ou seja, o que o Sr. Novo quer é ter seguidores exigentes e que possam contribuir para o desenvolvimento do negócio. Este tipo de relacionamento é conhecido na teoria por “seguidança” e só possível em empresas e pessoas de elevada maturidade.
Do ponto de vista estratégico este empresário esteve sempre atento ao contexto externo e sempre que via uma boa oportunidade no mercado ou na tecnologia procurava avaliar o seu impacto e se valesse a pena criava internamente condições para tirar partido da situação (dimensão emergente da estratégia e exploração destas possibilidades para gerar mais valor, que depois se concretizam de forma planeada).
Foi assim que a Erofio se foi posicionando nos mercados apostando no serviço ao cliente, na diferenciação e num relacionamento de longo prazo.
O Sr. Manuel Novo combina na gestão dos seus negócios a arte com a experiência e com o conhecimento. É uma das pessoas mais competentes que conheço na gestão dos negócios. O resultado do trabalho do Sr. Manuel Novo foi a criação de um grupo de empresas de referência na região e no país.
É sem dúvida um líder desperto que gere com alma.