Os dados assumem cada vez maior importância na sociedade e no ambiente empresarial. Quem não conhece um dos mais célebres paradigmas da gestão moderna que elucidam que “não se consegue gerir o que não se consegue medir” (Peter Drucker). Os dados providenciam informações úteis que permitem aos líderes tomar decisões importantes e que promovem a produtividade e eficiência no seu negócio, apoderando-se de um maior valor acrescentado.

Se no passado recolher um grande volume de dados era difícil, moroso, com custos elevados e necessitando de equipas multidisciplinares para o processamento e tratamento da informação (apenas ao alcance de um pequeno grupo de grandes empresas) nos dias de hoje existe uma facilidade muito maior. Existe uma democratização cada vez maior do acesso a dados e ferramentas para a sua análise que providenciam um melhor conhecimento dos mercados, da competição e dos resultados.

Podemos definir o Big Data como um enorme volume de diferentes tipos de dados produzidos com elevada velocidade a partir de diversas fontes e as tecnologias que recolhem, armazenam, supervisionam e decompõem esses dados para responder a desafios complexos. Com o Big Data e as novas ferramentas as informações relativas ao negócio e ao ambiente onde a empresa se insere estão facilmente disponíveis.

O potencial do Big Data surge da descoberta de padrões ocultos, correlações entre variáveis, nas tendências de mercado e preferências dos consumidores ou nos vários aspetos que rodeiam o negócio, desde o preço das matérias-primas, o custo dos Recursos Humanos e da tecnologia até aos preços que a concorrência pratica. Estes padrões, quando descobertos, têm o poder de aumentar a informação para a tomada de decisão dos gestores e contribuir significativamente para a melhoria das organizações.

O caso da Amazon é um exemplo da importância do Big Data e de como os dados transformaram uma pequena startup num gigante líder de mercado. Quando o negócio tradicional da venda de livros passou para o comércio online, a Amazon começou não só a acompanhar o que os consumidores compravam, mas também quais os seus interesses, a forma como navegavam e como reagiam às promoções. A Amazon aproveitou toda essa informação para construir algoritmos para prever os livros que os consumidores tinham maior interesse no futuro, transformando os dados em estratégias que revolucionaram todo o negócio.

No entanto, apesar da sua importância, a adoção do Big Data em Portugal ainda é muito insípida. Segundo um estudo  realizado pelo Expresso e pela GfK em 2018, no universo das 1000 Maiores PME em Portugal apenas 41% dos gestores reconheceram a importância do Big Data como fator crítico de sucesso, garantindo que recolhem e tratam dados e que os utilizam como suporte de gestão do negócio. Em adição, apenas é aproveitado o potencial de 10% da informação presente nos sistemas das empresas (bases de dados tradicionais), sendo que a informação não-estruturada (documentos de texto, e-mail, chats, redes sociais, imagens e vídeo) não é integrada nem sequer é explorado o seu potencial.

Sendo o Big Data tão importante, como é que pode ser posto à disposição das PME?

Apesar das PME portuguesas não terem tantos dados nem tantos recursos como as grandes empresas, podem igualmente usufruir das vantagens do Big Data. Existem diversas soluções que permitem a recolha e análise de dados em PME.

Por exemplo, é possível utilizar ferramentas como o Google Analytics para auxiliar na análise dos seus clientes atuais e potenciais, conhecendo as suas preferências e quais os fatores que valorizam através da análise das visitas ao website da empresa e ao histórico de transações, entre outras medidas. Existe assim a possibilidade de avaliar as principais tendências de vendas e prever o que irá acontecer no futuro.

Também as redes sociais se assumem cada vez mais como fontes de informação. A recolha e tratamento das informações que geram permite à empresa ter bases para aprimorar os seus produtos e aproximá-los das necessidades dos consumidores, aumentando o seu valor acrescentado. As redes sociais são também importantes para avaliar a concorrência e o buzz que os novos produtos ou serviços estão a provocar nos grupos de consumidores.

Os softwares de gestão (ERP) são também preciosos para obter todo o potencial do Big Data, uma vez que é possível obter dados acerca de quando ocorreram as vendas dos produtos, quais as quantidades, os modos de pagamento utilizados, entre outros. É possível prever tendências, como a concentração de vendas num determinado período do mês ou do ano e adaptar a gestão de encomendas e stocks, ou até desenhar campanhas de marketing para determinados períodos específicos. Estes softwares também permitem analisar dados da gestão da produção para, por exemplo, detetar rapidamente desvios de indicadores e padrões de evolução para ajustar procedimentos e assegurar uma manutenção eficaz das máquinas.

Em suma, são inegáveis as potencialidades da utilização do Big Data nas PME, apesar de durante muito tempo estar confinada a sua utilização por um pequeno número de grandes empresas. As vantagens da sua utilização são muitas, desde redução de custos até ao desenvolvimento de produtos mais adaptados ao consumidor final, entendendo as tendências do mercado e da concorrência.

De que está à espera para começar a utilizar Big Data no seu negócio?

 

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