Na mais recente edição do inquérito COVID-19 CFO Pulse Survey Portugal, realizado pela PWC, 85% dos CFO inquiridos em Portugal prevê uma redução das receitas e/ou lucros para este ano, sendo que 69% das empresas esperam uma redução superior a 10%.
A quebra de receita de muitas empresas provocada pela pandemia do Covid-19 que obrigou o país ao confinamento levou a que as empresas tivessem que ajustar alguns dos investimentos como forma de contenção de custos e 61% dos CFO portugueses afirma adiar ou cancelar os investimentos que estavam previstos.
De acordo com o Trend Score, um barómetro de tendências de investimento das marcas em Portugal, promovido pela Associação Portuguesa de Anunciantes (APAN) e pela SCOPEN, observou que 6 em cada 10 empresas portuguesas viram os seus orçamentos de Marketing e comunicação reduzidos em mais de 10%.
Este estudo mostra uma grande mudança ao nível do planeamento estratégico de comunicação e Marketing. Se antes da pandemia estes planos eram trabalhados numa base anual, neste momento os ajustamentos e alterações tem sido uma constante e por isso predomina o planeamento de muito curto prazo, com 54% dos inquiridos a afirmar que trabalha agora num cenário dia-a-dia ou quinzenal. Este facto está intimamente correlacionado com alta imprevisibilidade da evolução da crise e que no caso Português ainda se encontra numa fase de reabertura faseada dos diferentes negócios.
Outra conclusão interessante de salientar deste inquérito é que se verificaram grandes alterações nos canais de media e ações de marketing utilizadas. O outdoor e os media fora de casa foram os mais afetados pela redução de investimento das marcas (44%), bem como a imprensa (17%), televisão (14%) e rádio (11%). O canal digital registou um crescimento, com 64% dos anunciantes a referiram ter aumentado investimentos.
Entre as ações de marketing, a maior redução verificou-se nos eventos e patrocínios (61%) e nas ações de ponto de venda (26%). O investimento passou a ser feito no digital observando-se um crescimento do marketing digital (22%), conteúdos digitais/ influencers (17%) e webinars (13%).
O canal digital também tem procurado adaptar-se a esta crise pandémica oferecendo novas ferramentas e funcionalidades que permitem ajudar as empresas a dar resposta aos novos desafios impostos pela Covid-19. Destaco algumas delas:
- Facebook Shops: Mark Zuckerberg acaba de anunciar a mais recente ajuda para quem tem um pequeno negócio, o Facebook Shops. Esta é uma solução para as empresas mais pequenas que ainda não têm uma loja online poderem vender online. Através desta plataforma com acesso a partir do Facebook e do Instagram as empresas podem criar catálogos virtuais com os seus produtos, tendo a possibilidade de personalizar a apresentação dos produtos e a página onde estes são apresentados.
Os clientes facilmente podem encontrar esta plataforma a partir da página do Facebook da empresa, no perfil do Instagram ou nas stories e anúncios. Ao acederem, têm acesso à coleção inteira dos produtos apresentados, podem guardar produtos que pretendem comprar e fazer a encomenda. A encomenda pode ser feita através do site da empresa. De forma a tentar reproduzir a proximidade de uma loja física, os clientes podem tirar dúvidas, pedir mais informações ou seguir as entregas dos produtos que adquiriram através do WhatsApp, Instagram Direct ou Messenger.
A má notícia é que esta funcionalidade apenas deverá ser disponibilizada em larga escala ao longo dos próximos meses.
Em comunicado, o Facebook manifesta o desejo de que estas ferramentas “possam aliviar algumas das pressões que as pequenas empresas estão a enfrentar neste momento”, bem como ajudar empresas de várias dimensões “a prepararem-se para o futuro”.
- Instagram Shop: Uma nova maneira de descobrir e de comprar produtos no separador ‘Explorar’ do Instagram. Esta nova funcionalidade irá permitir às empresas vender os produtos promovidos através de diretos do Instagram e Facebook, com ligações diretas às páginas de venda. Prevê-se que esta ferramenta seja disponibilizada já este verão.
- Messenger rooms: Com a pandemia as soluções de videoconferência ganharam enorme relevância, nesse sentido, o Facebook lançou também recentemente o Messenger Rooms. Esta nova plataforma de videoconferência é gratuita e já está disponível em Portugal. Através desta solução é possível criar uma sala de conversação diretamente no Facebook ou Messenger e convidar qualquer pessoa para participar, mesmo alguém que não tenha uma conta no Facebook ou na aplicação Messenger possibilitando conectar-se pelo telemóvel ou computador. É possível falar em simultâneo com 50 pessoas, sem qualquer limite de tempo.
“Brevemente, o Facebook vai também anunciar novas formas de criar videochamadas ‘Rooms’ através do Instagram e WhatsApp”, é indicado no comunicado.
Esta plataforma é ideal não apenas para reuniões empresariais mas também como um canal de comunicação ao vivo com os seus clientes, onde pode apresentar os seus novos produtos, fazer demonstrações de como utilizar e fazer a manutenção de determinado produto, esclarecer dúvidas frequentes, etc.
Para além destas novidades existem também outras aplicações/ferramentas que o podem ajudar na gestão do seu negócio e na comunicação com os seus clientes:
- WhatsApp Business: Esta aplicação já é utilizada por mais de 5 milhões de empresas em todo o mundo. O WhatsApp Business é gratuito e permite ajudar as pequenas e médias empresas na interação com os seus clientes, uma vez que utiliza ferramentas para automatizar, organizar e responder rapidamente a mensagens.
Com esta aplicação pode criar um perfil empresarial (onde são incluídos os dados da empresa), criar modelos de resposta para rapidamente responder às perguntas frequentes dos seus clientes, classificar as mensagens recebidas com base em etiquetas pré-definidas e definir mensagens automáticas.
Uma das grandes vantagens deste aplicativo é WhatsApp Web que possibilita aceder a qualquer momento às suas conversas a partir de qualquer dispositivo (telemóvel ou computador). Veja aqui como configurar o WhatsApp no seu computador.
Na última atualização desta aplicação passou também a ser possível a criação de um catálogo virtual em que as empresas podem exibir e partilhar seus produtos e serviços com os clientes (conforme se mostra na figura abaixo). Para cada item no catálogo, as empresas podem adicionar fotos, preço, descrição, link e código do produto;
- Google My Business: permite-lhe, de forma gratuita, estar presente nas pesquisas que se realizam no Google e no Maps. Esta plataforma permite-lhe criar um perfil da empresa com os principais dados (como nome da empresa, morada, contactos, horário, descrição da empresa…), publicar fotografias e ofertas e disponibilizar formas dos seus clientes entrarem rapidamente em contacto com a sua empresa através de chamadas, mensagens ou da publicação de comentários (ver figura ao lado). O Google My Business vem incorporado com uma ferramenta de criação de websites para poder criar o seu site de forma gratuita e simples. É atribuído um domínio gratuito, no entanto pode sempre optar por comprar um domínio personalizado do género onomedaempresa.pt;
- Gestor de redes sociais: é uma ferramenta muito útil para otimizar a execução do planeamento elaborado para as redes sociais. Buffer e o Hootsuite são as plataformas de gestão de redes sociais mais conhecidas. Com estas ferramentas é possível a gestão de redes sociais como o Facebook, Instagram, Twitter, Pinterest, entre outros, agendar publicações, encurtar links, visualização em tempo real, etc. Ambas disponibilizam um plano gratuito com restrições de algumas funcionalidades e uma versão paga. Existem no mercado uma vasta oferta de ferramentas a este nível, em função das redes sociais onde o seu negócio está presente e as funcionalidades que pretende poderá identificar qual a melhor para atingir os seus objetivos;
- Ferramentas de e-mail marketing: Para que possa começar a criar as suas campanhas de e-mail marketing tem disponíveis no mercado algumas opções gratuitas como o (mailchimp e e-goi), que lhe permitem o cumprimento dos requisitos do RGPD, a segmentação das suas listas de contactos, a personalização, a automação de e-mail marketing e a análise das diferentes métricas associadas a cada campanha.
E na sua empresa, já está a tirar partido destas ferramentas digitais?