Este é o tema do trabalho publicado pela Harvard Business Review que ganhou no ano passado o prémio McKinsey para o melhor artigo do ano desta revista. Os seus autores, Sadun, Bloom e Reenen, são professores das escolas de Harvard, Stanford e MIT.
Nas principais escolas de gestão do mundo ensina-se que competir com base na eficiência operacional (fazer o mesmo que outros, mas excecionalmente bem) não permite obter vantagens competitivas sustentáveis porque estas são facilmente copiáveis.
Ao contrário, para sustentar vantagens competitivas defende-se, naquelas escolas, que as empresas devem fazer diferente dos rivais, permitindo atingir posicionamento estratégico distinto. Ou seja, valoriza-se sobretudo a formulação da estratégia.
Ora estes autores defendem que as empresas diferem bastante na execução de tarefas básicas de gestão, tais como estabelecer objetivos e motivar os seus talentos. Estas diferenças têm impacto na produtividade, rentabilidade, crescimento e longevidade da empresa. Mais, estas diferenças persistem no tempo e assim não é fácil imitar a gestão competente.
Para conseguirem desenvolver competências de gestão as empresas devem efetuar investimentos substanciais em pessoas e processos. Estes investimentos contínuos são uma forte barreira à imitação.
A investigação efetuada em mais de 12.000 empresas de 34 países permitiu chegar a duas conclusões importantes. A primeira é que alcançar excelência operacional é um grande desafio para muitas empresas (apenas 6% da amostra tiveram um score elevado). A segunda conclusão foi que as grandes diferenças nas práticas de gestão estão associadas a fortes e persistentes diferenças na performance das empresas.
A intensidade da concorrência entre empresas é um forte incentivo à redução de ineficiências, mas a adoção de práticas de gestão é condicionada por vários fatores:
- problemas de perceção – inúmeros gestores não conseguem determinar objetivamente se a sua empresa está a ser bem ou mal gerida;
- estrutura de governação – em geral as empresas familiares obtêm piores resultados, as empresas em diferentes países têm resultados diferentes e as multinacionais têm sempre bons resultados, (veja-se a figura abaixo);
- défice de capacidades – em geral ocorre em países menos desenvolvidos, mas a localização perto de uma escola de referência ou de uma escola de negócios está associada a melhor gestão;
- política e cultura organizacional – é um fator que não se muda com facilidade, vejam-se as dificuldades da GM nos anos 1980 e 1990 em implementar o sistema de produção da Toyota.
Os autores identificaram dezoito práticas relevantes de gestão que agregaram em quatro grupos: gestão de operações; monitorização da performance; estabelecimento de objetivos e; gestão de talentos.
As práticas de gestão podem parecer simples, mas exigem um forte compromisso da gestão de topo, a compreensão dos tipos de skills necessários para a sua adoção e uma mudança na mentalidade a todos os níveis da organização. Mas estas práticas de gestão implementadas sabiamente podem assegurar o sucesso da estratégia.
Na sua empresa aplica as práticas de gestão relevantes? Quais das que a seguir se listam tem implementadas?
Gestão operacional
- Uso técnicas Lean;
- Razões para adotar processos Lean;
Monitorização da Performance
- Documentação processos;
- Uso de KPI (Key Performance Indicators);
- Revisão KPI;
- Discussão dos resultados;
- Consequências de não atingir os objetivos;
Estabelecimento de objetivos
- Escolha dos objetivos;
- Ligação com a Estratégia, desdobramento dos objetivos até ao nível individual;
- Horizonte temporal;
- Nível de desafio;
- Clareza dos objetivos e métricas;
Gestão de Talentos
- Foco no talento nos níveis mais elevados;
- Metas desafiantes;
- Gestão de baixas performances;
- Desenvolvimento de talentos;
- Proposta de valor para colaboradores;
- Retenção de talentos.
Finalmente Bloom, Sadun e Reenan (2012) destacam que o incremento de 1 ponto no score de gestão permite um aumento de 23% na produtividade, um aumento de 12% no valor de mercado da empresa e o aumento de 1,4% no volume de negócios.
Vale a pena investir nesta dimensão de boas práticas de gestão e contribuirmos para melhorar o desempenho da nossa empresa contribuindo ao mesmo tempo para reduzir as diferenças de desempenho das empresas nacionais com as multinacionais e com as empresas dos países mais desenvolvidos.
Bloom, N e Reenen, JV (2010) Why Do Management Practices Differ across Firms and Countries? Journal of Economic Perspectives, Volume 24, Number 1, Pages 203–224.
Bloom, N, Sadun, R e Reenen, JV (2012) Does Management Really Work? Harvard Business Review, November, Pages 77–82.
Sadun, R, Bloom, N e Reenen, JV (2017) Why Do we Undervalue Competent Management? Harvard Business Review, September- October, Pages 121–127.