Quando olhamos à nossa volta sentimos que tudo está a mudar rapidamente. Inovações constantes nos mercados, pressionadas pelas mudanças nas preferências dos clientes e pela entrada de novos concorrentes oriundos de outras indústrias. Se a isto adicionarmos a turbulência que vem assolando a Europa nos últimos anos devido à crise das dívidas soberanas, a falta de entendimento entre os membros da moeda única para encontrar soluções definitivas e a grave situação financeira do nosso país, percebemos melhor as dificuldades e incertezas que afetam a competitividade das nossas empresas.
Sucessivas ondas de mudança estão a transformar o ambiente competitivo tornando as vantagens das empresas efémeras.
Então, o que fazer para continuar a crescer e ter um bom desempenho?
Se insistirmos em gerir as nossas empresas como sempre fizemos (business as usual) vamos provocar desajustamentos e desempenho empobrecido (como sabemos, quem sobrevive é quem se adapta, não os maiores nem os mais fortes) degradando-se paulatinamente as vantagens da empresa obtidas a muito custo ao longo de anos.
O ponto de partida para o sucesso é assumirmos que estas mudanças abrem novas janelas de oportunidade que, devidamente avaliadas e compreendidas podem gerar novas fontes de vantagem. Agora é fundamental, percecionada a oportunidade, construir rapidamente a vantagem, explorá-la e finalmente abandoná-la. Este processo deve ser ágil e rápido e antes do final deve-se iniciar uma nova sequência, garantindo-se vantagens efémeras que se vão adicionando cumulativamente e que sustentam o crescimento e a obtenção de bons resultados.
Será que temos ao nosso dispor ferramentas de gestão que nos permitam responder a estes desafios?
A grande maioria das ferramentas que usamos nas empresas foi desenvolvida e preparada para contextos onde existia alguma estabilidade, ainda que pontuada por momentos de disrupção. Como agora o ambiente é de disrupção pontuado por momentos de estabilidade, conduzir business as usual é garantia que vamos ter surpresas desagradáveis.
Para responder a estes desafios é necessário dispormos de ferramentas de gestão que nos permitam compreender e antecipar as mudanças e gerar ações que se traduzam em crescimento dos negócios com resultados. Mais, estas ferramentas devem-nos permitir ter clara a nossa estratégia (o caminho para atingir os nossos objetivos) e flexibilidade na ação.
Vamos agora apresentar de forma breve algumas destas ferramentas que visam possibilitar e integrar a mudança: Rolling Budgets (Orçamentos deslizantes), Cenários, War-gaming e o BSC dinâmico.
Os Rolling Budgets asseguram a atualização permanente das previsões operacionais, melhorando-as, flexibilizando o orçamento aproximando-o à realidade atual, melhorando a gestão e o desempenho. No fim de cada trimestre, avalia-se a situação da empresa e, com base na informação disponível, efetuam-se projeções para os próximos cinco trimestres. Como este processo é contínuo as previsões incorporam as últimas informações e perceções da gestão.
Foi com a adoção dos Cenários que a Shell se tornou uma empresa líder no setor petrolífero antecipando a subida de preços do crude em 1973. A ideia é identificar um número limitado de variáveis que terão forte impacto no negócio sobre as quais existe incerteza. Desenvolvem-se então alternativas para cada uma das situações e possíveis soluções que reduzam o impacto na empresa e que permitam aproveitar a oportunidade.
Os War-gaming permitem identificar e antecipar possíveis movimentos competitivos de concorrentes e outras partes que possam ter impacto no negócio e aplicam-se nos últimos anos para preparar a empresa para lidar com situações de incerteza. Em geral constituem-se equipas internas que desempenham diferentes papéis: dos concorrentes, de outras partes interessadas e uma equipa que representa a empresa. Antecipam-se movimentos que podem ser aproveitados pela empresa, proativamente e minimizam-se surpresas que podem apanhar a empresa desprevenida.
Todas estas ferramentas podem-se integrar no BSC dinâmico, em que está definida a estratégia, identificados os objetivos a atingir, os respetivos indicadores e as ações a implementar. A execução e monitoria do processo permite avaliar se estamos a ir no caminho pretendido, identificar novos desafios e incorporá-los nas ações a desenvolver, com melhores resultados e reforço da competitividade.
Atentos e conscientes das mudanças e do seu impacto, despertos para as ferramentas que permitem integrar estas dinâmicas na empresa e apoiados em ferramentas que permitem agir rapidamente, vamos concretizar ações que garantam a sustentabilidade do nosso negócio.