Tem um problema ou um desafio para solucionar e ainda não encontrou a melhor solução?

A Value Creation Wheel, uma recente e inovadora ferramenta de gestão, pode ajudá-lo. Esta metodologia foi desenvolvida pelo investigador português Luís Filipe Lages e pretende ajudar as empresas a inovar e a criar valor, através da “adoção de processos inéditos para identificar, analisar e solucionar problemas”.

A Value Creation Wheel resulta de duas décadas de construção e testes um pouco por todo o mundo. Esta ferramenta surgiu como forma de dar resposta às novas exigências do mercado e da necessidade dos gestores em resolver complexos paradoxos num ambiente em constante mudança.

“Vivemos numa era em que temos de pensar não só ‘dentro da caixa’ e ‘fora da caixa’, mas também ‘sem caixa’ para conseguir resolver problemas e crescer.”

Luís Filipe Lages

Esta metodologia tem duas componentes, que dão pelo nome de DIANA (figura 1) e TIAGO (figura 2). A primeira representa o enquadramento científico e geral (quadro teórico), enquanto a segunda traduz os passos de implementação customizada a realidades concretas.

matriz vcw diana
Figura 1: DIANA enquadramento científico e geral
matriz tiago
Figura 2: TIAGO aplicada a realidades concretas

Conforme se pode observar na figura 2, a implementação da Value Creation Wheel pressupõe a passagem por 5 etapas principais:

  1. A primeira etapa é designada por Tap e diz respeito à definição do problema ou do desafio no contexto específico de análise. Os intervenientes desta fase são os decisores. Esta etapa é o ponto de partida para a implementação da ferramenta, por isso é crucial que o problema esteja bem definido e delimitado para que possa ser bem entendido por todos.
  2. A segunda etapa é o Induce, esta é dividida entre a obtenção de ideias e de filtros. Idealmente aqui os decisores não intervém. Se possível, as pessoas que elaboram as soluções devem ser diferentes das que concebem os filtros.

Fase 2A – Esta é a fase da geração de ideias. O objetivo é obter o maior número possível de soluções para resolver o problema. Estas ideias podem surgir em ambientes de brainstormings, competições, bancos de ideias, etc. Qualquer pessoa pode dar ideias para soluções. Poderão ser parceiros, funcionários, organizações que interagem com a empresa, etc e devem ser envolvidos os participantes mais críticos (internos e externos). Nesta fase não há boas nem más ideias, nenhuma ideia deve ser excluída.

Fase 2B – Esta é a fase da geração de critérios ou filtros. Neste contexto entende-se por filtro algo que seleciona o que passa por ele, deixando passar apenas algumas ideias. Na prática os filtros são os critérios de aceitação ou rejeição de uma ideia, ou seja, os motivos pelo qual uma solução pode ou não ser adequada para implementação futura. O objetivo é obter o maior número possível de critérios.

Luís Filipe Lages, como forma de ilustrar a distinção entre ideias e filtros, costuma utilizar como exemplo a escolha do destino de férias. Neste caso as diferentes sugestões de destinos serão as ideias, os filtros podem ser o preço até x€, distância até xkm, a existência ou não de praia, alojamento num hotel com um determinado número estrelas, etc.

  1. A fase do Analyse é a etapa em que os decisores voltam a intervir e onde irão analisar tudo o que foi executado pela equipa de trabalho responsável. Nesta fase, os principais intervenientes envolvidos, identificam o potencial de cada solução, selecionam os filtros a serem utilizados e organizam os filtros por grau de importância (ranking de filtros).

Luís Filipe Lages nesta etapa recomenda o uso do método POKER (ver figura 3). Esta ferramenta foi construída tendo por base o jogo de apostas do POKER daí os termos “Kill”, “multiply”, “review” e “keep”. A ideia subjacente é que cada solução e cada filtro deve ser analisado e incluído numa das “caixas” conforme se explica na figura abaixo.

Nota: Embora o método do POKER seja recomendável utilizar nesta fase, todas as outras fases do TIAGO também podem utilizar esse método.

poker
Figura 3: Metodologia POKER

4. A etapa seguinte diz respeito ao Ground. O objetivo desta fase é construir o Value Creation Funnel (VCF) e a prototipagem da solução final. O VCF é a aplicação dos filtros selecionados na etapa 3, organizados por ordem de importância, às soluções que se originaram da fase anterior.

Fase 4A: Esta é a etapa da criação do Value Creation Funnel. A aplicação sucessiva dos diferentes filtros às soluções permite-nos obter cada vez menos ideias. No limite, o objetivo é encontrar uma solução final que é aceite por todos os filtros. No caso de nenhuma solução passar todos os filtros deve voltar-se às fases anteriores e refazer o ciclo novamente.

Fase 4B: Nesta fase a equipa deve apresentar o conceito/protótipo para a solução final, aquela que respeita todos os critérios. Todas as soluções excluídas do VCF devem ser guardadas num banco de dados para que sejam utilizadas em novos ciclos VCW ou em projetos futuros.

5. A última fase da matriz TIAGO designa-se por Operate e diz respeito ao desenvolvimento e implementação da solução. É quando os principais decisores vão decidir se avançam ou não com a solução obtida (Go ou No Go) ou se é necessário voltar às etapas anteriores da matriz e refazer o ciclo.

Uma das maiores vantagens apontadas a esta metodologia é que, uma vez que o processo de procura de soluções e filtros é alargado a diferentes indivíduos e organizações que interagem com a empresa, a hipótese de obter soluções que nunca iriamos ponderar aumenta de forma exponencial.

Em Portugal já são várias as empresas que aplicaram esta metodologia Ao todo já estão contabilizadas 40 empresas e instituições de diferentes áreas. A Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM) é uma delas.

Como resultado da aplicação da VCW na INCM foi possível criar uma cultura de inovação transversal a toda a sua realidade organizacional, através do envolvimento das diferentes partes interessadas, e a otimização de processos internos com impacto ao nível dos custos.

A VCW é uma ferramenta de resolução de problemas/desafios da vida real que pode ser aplicada tanto no contexto empresarial como na vida sua vida privada, esta metodologia permitirá encontrar a solução mais adaptada aos seus problemas e desafios.

E na sua empresa, já aplica a Value Creation Wheel?