Atualmente a gestão de tesouraria é um dos maiores desafios que as empresas enfrentam encontrando-se entre as principais causas de falência de empresas. Este tema traduz-se num risco acrescido se estivermos a falar de PME, a constituição maioritária do tecido empresarial português.
A gestão de tesouraria é a área da empresa que gere, controla e regista todas as entradas e saídas do dinheiro. As suas funções passam por controlar diariamente os orçamentos de tesouraria e gerir as contas bancárias. O objetivo é assegurar que a qualquer momento a empresa tem ao seu dispor os recursos financeiros suficientes para satisfazer todas as suas responsabilidades de curto prazo.
Esta gestão eficiente dos fluxos de caixa está assente em duas condições:
- Garantir um equilíbrio financeiro mínimo, ou seja, conseguir assegurar que as entradas de fundos são pelo menos iguais ou superiores ao volume de saída;
- Criar uma margem de segurança que irá depender de empresa para empresa para que seja mantido o equilíbrio financeiro mesmo em períodos de crise.
Por exemplo, imagine que a sua empresa estava a contar com a transferência de um cliente relativo ao pagamento de uma fatura, mas que por alguma razão esse pagamento só será recebido mais tarde. Se a tesouraria não estiver devidamente planificada e se essa margem de segurança não for constituída de acordo com as necessidades da empresa, falhas como esta podem pôr em causa o cumprimento das obrigações legais e contratuais da empresa.
Uma correta gestão de tesouraria traz mais-valias importantes à empresa.
Desde logo possibilita ao empresário que dedique uma maior parte da sua energia e do seu foco noutras tarefas mais importantes para a empresa, como o desenvolvimento de novos produtos, acompanhamento do mercado e dos seus concorrentes.
Uma empresa sem dificuldades de tesouraria tem uma maior capacidade de negociação junto dos bancos, o que lhes possibilita aceder a condições mais benéficas, como por exemplo taxas de juro mais baixas, entre outros. Os bancos são sensíveis à capacidade da empresa em gerar liquidez, se estivermos perante uma empresa que possui alguma estabilidade a este nível, os bancos sentem-se mais confortáveis para apoiar a empresa, não só ao nível da tesouraria como também, no apoio a investimentos.
Uma gestão de tesouraria otimizada e controlada fornece à empresa uma exata avaliação dos riscos a que está sujeita e permite a implementação de ações corretivas. Para além da minimização dos riscos financeiros e operacionais, fornece aos gestores dados atualizados para suporte à sua tomada de decisão.
Para uma gestão correta da tesouraria da sua empresa existem alguns princípios que pode utilizar:
- Ter uma estrutura de capitais adequada: A gestão tesouraria da sua empresa vai depender da sua estrutura de capitais. A empresa deve ter capitais permanentes que lhe permitam cobrir as necessidades de fundo de maneio fixas.
- Manter pagamentos e recebimentos equilibrados: Uma empresa em que o prazo de recebimentos é superior ao prazo de pagamentos terá sempre dificuldades em gerir a sua tesouraria e necessitará de recorrer a apoios para fazer face às responsabilidades de curto prazo (e por conseguinte a penalizar as margens de lucro dos seus clientes). Uma gestão eficiente dos pagamentos e recebimentos evita prazos de recebimento muito longos e possibilita equilibrar as datas de pagamentos e recebimentos. Estabelecer uma política de prazos médios de recebimentos consoante o tipo de cliente ou incentivos para pagamento a pronto podem ser boas opções;
- Avaliar a estrutura de custos fixos e variáveis – Analisar a estrutura de custos da empresa é uma das formas de controlar o dinheiro que está a sair da empresa e assim ter impacto direto e imediato na tesouraria da empresa. Analise bem cada um dos custos e vai ver que irá encontrar rúbricas onde poderá fazer poupanças significativas (por exemplo na renegociação de contratos com as comunicações, consumos de água, eletricidade…);
- Antecipar problemas: A elaboração de um plano previsional de tesouraria, ou seja, um mapa em que são inseridos os recebimentos e os pagamentos previstos num determinado período (geralmente um ano) pode ajudá-lo a antecipar situações de crise (como por exemplo, pagamento de ordenados e subsídios de férias, pagamentos a fornecedores…). Se a empresa mantiver estes registos atualizados consegue prever quando é que irão ocorrer os momentos de maior stress ao nível da tesouraria preparando-se devidamente e minimizando os seus impactos. Na grande generalidade dos casos os empresários só recorrem aos bancos quando estão com “a corda ao pescoço”, nesta altura já é tarde. A análise do banco vai ser feita com base nos indicadores daquele momento e por isso a empresa irá ter acesso a condições menos vantajosas traduzindo-se em custos de financiamento mais elevados. Se por outro lado, a empresa conseguir antecipar as necessidades de tesouraria que irá ter no curto prazo, os empresários conseguirão ter tempo para analisar diferentes propostas dos bancos e negociar qual a melhor opção de crédito.
- Diminuir o nível de stocks: Analise o nível de stocks que se encontram no inventário da sua empresa, pois representam um custo. Possivelmente esse valor ainda não se encontra otimizado.
A nível bancário existe um conjunto de soluções de tesouraria que podem ajudá-lo a gerir o dia-a-dia da sua empresa. Os produtos bancários mais utilizados a este nível são:
- Factoring – um serviço que permite à empresa antecipar os recebimentos dos seus clientes mediante a cedência ao banco de créditos de curto prazo relativos a fornecimento de bens e/ou prestação de serviços, que detêm sobre empresas suas clientes;
- Contas correntes caucionadas – onde é disponibilizado um limite de crédito que a empresa pode utilizar de forma continuada em função das suas necessidades;
- Confirming – um serviço de gestão de pagamentos, através do qual o banco assume as responsabilidades da empresa perante os seus fornecedores, liquidando as faturas nos prazos negociados.
O aparecimento de novas tecnologias também tem permitido desenvolver esta área, não só através da criação de softwares de gestão que permitem automatizar processos (que de outra forma teriam de ser feitos manualmente), como também através de plataformas que tornam este processo mais simples, como por exemplo a Edebex.
Otimizar os recursos financeiros de uma empresa é uma tarefa complexa e que exige planeamento e monitorização constante.
Uma gestão eficaz das necessidades de fundos da sua empresa contribui decisivamente para a sua sustentabilidade.
Como está a gerir a tesouraria da sua empresa?
