Todas as empresas que operam no mercado atuam sobre o pressuposto contabilístico da continuidade que tem subjacente a ideia de que a empresa manterá a sua capacidade produtiva.
Mas de que forma podemos ter mais informação sobre se este pressuposto está correto?
Na tentativa de contornar esta questão Edward Altman, um economista professor na New York University, desenvolveu e introduziu a fórmula Z-score, acabando por oferecer aos empresários uma ideia geral da saúde financeira das empresas. Apesar de ter sido introduzido nos anos sessenta é ainda hoje uma referência nos modelos preditivos de falências. Os vários estudos realizados sobre a sua eficácia atribuíram-lhe uma fiabilidade superior a 70% pelo que vale a pena saber um pouco mais sobre ele.
O modelo Z-score de Altman consiste assim, numa análise linear na qual cinco importantes rácios de natureza financeira e económica são objectivamente ponderados e somados para atingir um rácio geral que serve de base à classificação das empresas em três grupos em função do seu risco de falência. São eles:
- Fundo de maneio / Ativo total (x1)
- Resultados transitados e reservas / Ativo total (x2)
- Resultados operacionais / Ativo total (x3)
- Capital próprio / Passivo total (x4)
- Volume de negócios / Ativo total (x5)
O Z-score é calculado de acordo com a seguinte fórmula, para empresas não cotadas:
Z=0,717 x1 +0,847 x2 + 3,107 x3 + 0,420 x4 + 0,998 x5
Este modelo é de grande simplicidade de utilização, assumindo uma previsão razoável na previsão de falências até cinco anos antes da sua ocorrência. De acordo com a classificação de Altman, para valores abaixo de 1,23 a probabilidade de insolvência é elevada, entre 1,23 e 2,9 considera-se uma zona cinzenta e acima de 2,9 a empresa não apresenta riscos de insolvência.
Tabela 1: Classificação de Altman
Z-score | Probabilidade de falência |
Z < 1,23 | Risco de falência elevado |
1,23 > Z > 2,9 | Incerteza na previsão do risco |
Z > 2,9 | Risco de falência considerado nulo |
Esta ferramenta não deve ser utilizada de forma isolada, mas sim em complemento com outros instrumentos de avaliação que possam fornecer mais informação que não está directamente contida no cálculo deste rácio.
Uma das principais vantagens associadas a este modelo reside no facto de ser um indicador que proporciona uma boa e rápida análise da situação financeira das empresas e quando analisada a sua evolução é um rácio útil que nos fornece informações sobre a estabilidade financeira da empresa ao longo do tempo.
De seguida serão apresentados dois exemplos aplicando o cálculo do Z-score para a empresa ABC e para a XPTO, ambas inseridas no mesmo sector de atividade.
No caso da Empresa ABC, tal como se pode observar na figura 1, existe uma deterioração do Z-score ao longo do tempo. Em 2010 e 2011 situava-se acima dos 2,90, no entanto, em 2015 este valor ronda os 0,77, um valor muito abaixo dos 1,23, indicando que o risco de falência é considerado elevado por via do mau desempenho ao nível económico-financeiro. Este facto é um alerta para a necessidade urgente dos decisores tomarem medidas que possam inverter esta situação, evitando que a empresa entre em incumprimento.
O caso da Empresa XPTO (representado na figura 2) é bem diferente da ABC: aqui temos uma tendência de evolução positiva deste rácio, permitindo-nos concluir que a probabilidade de insucesso é muito reduzida ou quase inexistente. A trajectória da empresa é muito boa nos últimos 3 anos com um Z-score superior a 2,90 indicando um risco de falência muito reduzido por via de uma boa saúde financeira da empresa.
Em síntese, o Z-score é um indicador da saúde financeira da empresa e identifica com alguma precisão se a empresa está numa situação de stress financeiro.
Aplique o Z-score e avalie a situação financeira da sua empresa.