Corporate finance ou finanças empresariais pode ser definido como o ramo das finanças que suporta a tomada de decisões financeiras e tem como objetivos a criação de valor, a gestão dos riscos financeiros e o seu contributo para atingir os objetivos gerais de cada empresa.

Por outro lado a estratégia pode ser definida como o planeamento do futuro da empresa de forma a atingir os seus objetivos devidamente alinhados com a sua missão e visão.

O sucesso de um planeamento e implementação estratégica depende de três fatores críticos, defendem Kono e Barnes:

– Alinhamento da empresa com o ambiente externo;

– Visão realista das suas competências chave e das suas vantagens competitivas;

– Implementação e monitorização cuidada e eficiente da estratégia;

Cabe a cada empresa desenvolver, implementar e monitorizar a sua estratégia.

Um bom plano estratégico ou uma boa ferramenta estratégica, como o Balanced Scorecard (BSC), deverá traduzir a missão e a visão de uma organização em objetivos, indicadores, metas e ações.

O BSC agrega indicadores de vários tipos, que permitem separar a empresa em quatro perspetivas distintas, a perspetiva financeira (onde o papel das finanças é óbvio), a perspetiva de clientes, a perspetiva dos processos internos e a perspetiva da aprendizagem e crescimento que diz respeito aos ativos não materiais (recursos humanos, competências, sistemas de informação), que figuram como base de toda a criação de valor.

A estratégia desdobra-se num conjunto de objetivos que se enquadram nas diferentes perspetivas e que representam o caminho que a empresa pretende seguir. É necessária a definição de indicadores que permitam medir o seu cumprimento e comparar com as metas estabelecidas. Para que esses objetivos sejam atingidos será necessário também implementar iniciativas estratégicas que contribuam para potenciar a sua execução.

O BSC reforça o papel das finanças na definição e na monitorização de indicadores e metas com importância estratégica. Este processo deve ser efetuado de forma estruturada, ligando de forma eficiente a visão de longo prazo (estratégia) e o curto prazo (operações).

Historicamente as funções dos departamentos financeiros eram de registo (contabilístico), controlo (de gestão e de produção) ou gestão de despesas correntes. A sua crescente integração estratégica tem vindo a alterar a forma como as finanças empresariais são geridas. O seu papel estratégico passa cada vez mais por obter e gerir informação relevante com maior qualidade para o processo de tomada de decisão.

Este papel traduz-se na obtenção de análises e no resumo da informação de forma eficiente e em tempo útil para permitir o foco e a rápida tomada de decisão por parte dos gestores. Os responsáveis financeiros deverão ser capazes de distribuir rapidamente a informação necessária para que a administração, os responsáveis de departamento ou os supervisores possam tomar decisões operacionais e/ou estratégicas sustentadas, que promovam a criação de valor na organização.

O papel das finanças deverá ser criar e comunicar informação relevante que oriente o planeamento da estratégia e permita guiar a sua execução na empresa.

 

Funções estratégicas da função financeira:

Eficiência Operacional – as finanças empresariais deverão medir a performance dos processos de forma a permitir a análise de desvios e uma avaliação da eficiência dos mesmos. Ao mesmo tempo a informação obtida deve circular rapidamente dentro da empresa para potenciar a tomada de decisão;

Gestão de capital e ativos – o responsável financeiro deverá analisar os investimentos de forma a permitir obter a melhor distribuição possível do capital entre os projetos disponíveis e realoca-lo de forma a maximizar o cumprimento dos objetivos estratégicos da empresa. Ao mesmo tempo deverá analisar as fontes de financiamento disponíveis e o impacto futuro de cada opção;

Suporte Analítico – será essencial prestar informação relevante em tempo oportuno aos gestores para uma tomada de decisão apoiada e sustentada, quer seja para a resolução de problemas, para obter vantagens competitivas, correção de desvios, análise de risco, novos projetos ou iniciativas estratégicas;

Forecasting – um bom departamento financeiro deverá estar capacitado para efetuar previsões rapidamente, tendo em conta o impacto dos eventos atuais e passados no desenvolvimento de cenários futuros na empresa. É essencial analisar e comunicar internamente mudanças no mercado que permitam á empresa explorar oportunidades e gerir o seu risco;

Um departamento financeiro devidamente preparado para suportar a estratégia da empresa permitirá maior foco nas atividades que realmente importam para os gestores. Uma melhor análise permitirá a todo o momento e em todas as áreas da empresa um conhecimento profundo dos pontos fortes, pontos fracos, oportunidade e ameaças, gerando atividades de maior valor acrescentado para a empresa e para os seus stakeholders.

O Chief Financial Officer (CFO) deverá ser um capacitador do planeamento e da execução estratégica da empresa, ao incutir nos seus departamentos uma cultura organizacional que promova o desenvolvimento sustentado de longo prazo de forma responsável.

Existem vários estudos que demonstram que as estratégias falham na sua execução. A criação de indicadores, adaptados à empresa e ao respetivo setor e devidamente suportados por um robusto departamento financeiro, permitirão alavancar as competências internas e criar vantagens competitivas que maximizem a criação de valor na empresa.

 “Sustained success is largely a matter of focusing regularly on the right things and making a lot of uncelebrated little improvements every day.”

Theodore Levitt

 

Fontes: Pedro M. Kono e Barry Barnes (2010), “The Role of Finance in the Strategic-Planning and Decision-Making Process”, Graziadio Business Review

“The Role of The CFO in Organizational Transformation”, Perth Leadership Institute 2007