A importância da consideração e da análise do risco do país foi aqui abordada há algum tempo, sendo um dos principais fatores a considerar na internacionalização de uma empresa.
No meu último artigo aqui no pontoTGA, abordei alguns pontos sobre instrumentos de Trade Finance aos quais as empresas podem recorrer nos seus processos de exportação. No mesmo artigo mencionei a existência de instrumentos de cobertura de risco financeiro e de crédito.
No mercado mundial, as empresas expõem-se a vários tipos de risco, em função da sua maior ou menor exposição. Alguns deles, como os atrás mencionados, são também recorrentes no mercado interno.
Risco financeiro
O Risco Financeiro pode agregar várias dimensões. As mais importantes são:
- Variação de taxa de juro, que pode impactar operações de financiamento e resulta das variações (volatilidade) dos indexantes no mercado (Euribor Libor). Para as empresas se protegerem deste risco, poderão recorrer a derivados, que estabilizam o serviço de dívida, protegendo-as de oscilações nas taxas;
- Variação cambial, que afeta os pares das moedas nas quais é efetuada a transação (vendedor/comprador) e o preço das matérias-primas, cujas oscilações significativas poderão impactar de forma significativa o preço final do produto. Em operações intercontinentais estes fatores têm particular importância. Para cobertura face à oscilação cambial as empresas podem também recorrer a produtos derivados para fazer o hedging sobre o risco cambial;
Risco de Crédito
O Risco de Crédito está associado ao recebimento ou não por parte do vendedor do valor das vendas efetuadas. Este risco assume particular importância uma vez que em contexto B2B (business to business) a venda a crédito está estabelecida como padrão.
Para cobertura do Risco de Crédito o instrumento mais utilizado é o Seguro de Crédito. Este instrumento cobre o risco do não pagamento de crédito por parte dos clientes. Cada cliente é analisado e definido o respetivo plafond, valor até ao qual a seguradora cobre o potencial incumprimento.
As seguradoras de crédito fazem gestão ativa destes créditos, inclusive riscos de não cobrança, através de monitorização permanente a milhares de empresas. São assim instrumentos avançados de gestão de risco, sobretudo para empresas exportadoras, pela distância física entre os mercados e pela frequente pouca informação sobre empresas cliente internacionais.
Importa também sublinhar o contributo que estes seguros têm para a notação de risco das empresas junto dos bancos. A existência destes produtos contribui de forma positiva para a avaliação de risco efetuada pela banca. Bem utilizados estes produtos podem ser de extrema utilidade.
Derivados de cobertura de Risco financeiro
Existem um sem número destes produtos, incluindo alguns que são desenvolvidos à medida das necessidades específicas de determinada empresa.
Como exemplos simples deixo aqui os forwards e os FRA (Forward Rate Agreement)
- Forward – É um contrato para aplicação de uma taxa de juro fixa para uma operação futura (de financiamento ou de aplicação). Acorda as condições a vigorar numa operação futura (forward);
- FRA (Forward Rate Agreement) – É um contrato no qual o banco e o cliente acordam trocar pagamento de juros em determinada data futura;
Com estes instrumentos é possível cobrir operações financeiras com indexantes variáveis.
Existem também outros instrumentos com maior complexidade como os SWAPS de taxas de juro e o Collar. Enquanto num swap é trocada uma taxa variável por uma taxa fixa, num collar é definido um intervalo de variação no qual o seu custo de financiamento pode oscilar.
Os forward atrás mencionados são usados também para cobertura de risco de taxa de câmbio. São efetivamente o instrumento de cobertura de taxa de câmbio mais utilizado. Este produto permite à empresa fixar a taxa de câmbio para operação financeira no futuro, por exemplo, a data de pagamento de determinada(s) fatura(s), evitando assim oscilações negativas (mas também positivas) na taxa de câmbio do par de moeda do negócio em questão.
Existem depois combinações de alguns destes produtos que respondem a necessidades de negócio específicas e que poderão ser úteis em muitas ocasiões.
Independentemente do produto utilizado, o importante é as empresas exportadoras perceberem que existem instrumentos que as podem ajudar a gerir os riscos aos quais estão inevitavelmente expostas. Poderão ser estes, que aqui abordei de forma ligeira, ou outros mais complexos e ajustados a operações também mais exigentes.
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Fontes:
“Understanding the Types of Financial and Credit Risks” – Dun&Bradstreet
“O Financiamento Bancário de PME”, Paulo Alcarva, Actual Editora