A descrição e análise da internacionalização da Facit, Sandvik, Atlas Copco e Volvo por Johansen e Wiedersheim-Paul da Universidade de Uppsala, permitiu iniciar e compreender o processo de internacionalização das empresas.

A escassez de conhecimentos ou de recursos na empresa é o principal obstáculo à sua internacionalização, devido à incerteza que pode ocasionar. Esta reduz-se através de um processo de decisão e aprendizagem crescente relacionado com os mercados e as operações externas.

Em consequência, o processo de internacionalização efetua-se através de etapas sucessivas que constituem a cadeia de estabelecimento:

  • atividades não regulares de exportação;
  • exportação via representantes independentes ou agentes;
  • estabelecimento de subsidiária de vendas no estrangeiro;
  • eventual estabelecimento de unidades produtivas no estrangeiro.

O conceito de distância psíquica tem um papel determinante nesta perspetiva, já que a entrada no exterior tenderia a produzir-se no mercado-país psicologicamente mais próximo do de origem, dado que este representaria um menor grau de incerteza para a empresa. Gradualmente a empresa expandir-se-ia para mercados cuja distância psíquica fosse cada vez maior.

Johanson e Vahle definiram a internacionalização como um processo que envolve desenvolvimento de conhecimento sobre os mercados externos e compromissos crescentes com esses mercados.

Esta teoria fundamenta-se nas contribuições Cyert e March sobre a escassez de informação completa e a importância do risco ou da incerteza na tomada de decisões empresariais. Em consequência, a empresa é um agente ativo, dotado de informação imperfeita, que estabelece estratégias num ambiente incerto, em função das suas próprias capacidades e das possibilidades que lhe permitem o contexto em que atua. É claro que a decisão de internacionalização reúne as condições referidas.

Posteriormente, Johanson e Vahle reformularam a versão inicial e consideraram que existe uma interação permanente entre o desenvolvimento de conhecimentos sobre os mercados (estado) e as operações exteriores e o compromisso crescente de recursos para estes mercados (fluxo) que vai permitir uma boa performance nas atividades (fluxo) e no fim aumentar o compromisso como mercado (estado).

Mecanismo básico de internacionalização
Figura 1: Mecanismo básico de internacionalização (Adaptado de Johanson e Vahle)

O processo gradual de aprendizagem de conhecimentos baseados na experiência, capazes de gerar novas oportunidades e de reduzir a incerteza presente nos mercados exteriores, explica a internacionalização. A força motriz neste processo é a experiência acumulada, embora específica para cada mercado, ou seja, não se pode generalizar facilmente a outros mercados ou países.

Mais tarde, Johanson e Vahle reformularam o modelo inicial tendo em conta a importância das redes (networks) nos negócios internacionais. A participação em redes potencia a internacionalização e, ao invés, não fazer parte de redes dificulta o processo. Os relacionamentos permitem a partilha e aprendizagem, consolidam a confiança e os compromissos.

Os pilares da internacionalização passam a ser reconhecimento da oportunidade de conhecimento (estado) que influencia as decisões de compromisso de relacionamentos (fluxo), que se traduz na aprendizagem e consolidação da confiança (fluxo) e reforça a posição na rede (estado).

Modelo de redes no mecanismo de internacionalização
Figura 2: Modelo de redes no mecanismo de internacionalização (Adaptado de Johanson e Vahle)

Resta salientar que muitas empresas de sucesso se constroem à volta de uma marca, design ou tecnologia e externalizam em redes com outras empresas a produção de produtos ou componentes (por exemplo, Nike, Ikea, Dell, Mercedes, BMW entre muitas outras). Por isso a introdução das redes é fundamental para compreender o processo de internacionalização que muitas vezes suporta a entrada em novos mercados.