A globalização dos mercados e a crescente internacionalização das empresas de todas as dimensões é uma das principais características do desenvolvimento atual das estratégias das empresas para que possam sobreviver em mercados cada vez mais competitivos. Importa, por isso, compreender as razões que fundamentam a internacionalização das empresas sintetizando as principais contribuições teóricas.

O aumento do comércio mundial nos últimos cinquenta anos, o aparecimento e desenvolvimento das empresas multinacionais, a relevância das pequenas e médias empresas neste processo de crescente globalização das economias e dos mercados, suscitou o interesse por uma antiga e frutífera linha de investigação interessada em explicar as seguintes questões: Por que é que se internacionalizam as empresas? Como se desenvolve este processo? Que formas ou modos de entrada se devem escolher? A tentativa de dar resposta a alguma ou algumas destas questões deu origem à teoria da internacionalização da empresa. Vamos a seguir apresentar as teorias baseadas nos fundamentos económicos.

A teoria da vantagem monopolística foi a primeira a explicar os fundamentos económicos da internacionalização e defende que, para que exista investimento direto no exterior (IDE), a empresa deve possuir algum tipo de conhecimento ou vantagem competitiva – de origem produtiva, tecnológica, organizativa, de gestão ou comercial – cuja natureza, praticamente monopolística, lhe permita competir com as empresas locais. Além do mais, aquelas vantagens deveriam ser específicas da empresa investidora e facilmente transferíveis através das fronteiras nacionais ou de suficiente magnitude e durabilidade, para poderem suportar a erosão competitiva das empresas rivais. Estas vantagens específicas podem entender-se como uma imperfeição do mercado e explicar a existência de ganhos acima da média do mercado. Mas esta teoria só considera o IDE como mecanismo de operação no exterior e não toma em consideração a possibilidade de a empresa aproveitar as suas vantagens específicas através da exportação.

A teoria da internalização considera a empresa como um conjunto de recursos internalizados que podem ser destinados a diferentes mercados nacionais. Analisa-se o modo de entrada nos novos mercados enfatizando a distinção entre as soluções baseadas no mercado ou controladas pela empresa. O modo de entrada envolve duas decisões interdependentes: a localização e a forma de controlo. As economias de escala, os direitos aduaneiros e o custo dos fatores produtivos determinam a existência ou não de vantagens de localização. Os conceitos da economia dos custos de transação fundamentam as vantagens da internalização que se produzem quando as imperfeições do mercado determinam que a utilização deste mecanismo seja demasiado onerosa. Estes associam-se, por exemplo, a fatores e/ou bens intermédios de natureza específica da empresa e intangíveis, tais como, ativos tecnológicos, capacidades de gestão, de marketing ou de produção, capital humano, etc., devido ao carácter de bem público atribuível aos conhecimentos.

Dunning integra as teorias anteriores no denominado paradigma eclético, que atribui, quer às vantagens de propriedade ou específicas da empresa (Ownership), quer às de localização (Localization) derivadas das condições do mercado de destino do investimento, quer às de internalização (Internalization), a explicação da capacidade e disposição da empresa para internacionalizar as suas atividades de produção através de investimentos diretos no estrangeiro.

A internacionalização pode realizar-se através de uma variedade de estratégias genéricas ou modos de entrada no mercado. Consideram-se basicamente três modos: as exportações, rentabilizando as suas vantagens específicas desde o seu próprio país de origem; o investimento diretamente no mercado de destino, deslocando parte da sua capacidade produtiva para o exterior, mediante a criação de filiais ou subsidiarias próprias ou investindo em cooperação com outras empresas; a cedência de exploração das suas vantagens específicas a outra entidade estrangeira (licenças, franquias, contratos de produção, etc.).

Neste contexto o tipo ou tipos de vantagens que a empresa terá determinará a sua forma de internacionalização em conformidade com o quadro seguinte.

Quadro 1: Vantagem e Modos de Entrada
Quadro 1: Vantagem e Modos de Entrada

A vantagem específica é condição necessária para a internacionalização. A vantagem de localização determina se a produção se faz desde o mercado de origem ou no mercado de destino. A vantagem de internalização permite explicar se a internacionalização se faz só ou em cooperação.

E na sua empresa, quais são os fundamentos para a internacionalização?