Da minha experiência e contacto com gestores e dirigentes de empresas verifico que, na maior parte dos casos, os gestores e seus colaboradores diretos estão muito ocupados e focados na gestão operacional para poderem ter bons resultados a curto prazo. Mas estão preocupados com o futuro. Muitos acreditam que devido à incerteza sobre o futuro este não se pode prever e será suficiente gerir o presente.

Como é que se gere o presente?

O ponto de partida é externo: é o foco nas necessidades do cliente e na oferta da concorrência. Neste processo de compreensão do mercado recolhem-se elementos fundamentais para que a oferta da empresa no mercado crie valor para o cliente e se mantenha o fluxo de encomendas. Passamos então para o foco interno: definem-se objetivos e efetua-se um bom planeamento das ações a implementar nas vendas, na produção e entrega dos produtos e no serviço pós-venda, utilizando adequadamente os recursos e capacidades que a empresa dispõe atualmente. Este conjunto de ações coordenadas procura satisfazer as necessidades dos clientes com geração de resultados para a empresa.

Depois é necessário organizar as tarefas e funções das diferentes pessoas na empresa para que as atividades entre as pessoas, secções, serviços e direções sejam devidamente coordenadas. As diferentes tarefas agrupam-se em funções e as funções em secções, direções ou departamentos e estabelecem-se relações de hierarquia entre os diferentes intervenientes.

A seguir é necessário motivar e liderar os colaboradores nos diferentes níveis da empresa de acordo com os objetivos definidos para que os resultados apareçam.

Finalmente é necessário medir os resultados alcançados e tomar as medidas que se impõem para concretizar os objetivos definidos.

Como resultado deste processo teremos clientes satisfeitos e fidelizados e resultados na empresa, libertando-se fundos para sustentar o negócio. Os gestores quando desempenham estas funções estão a assegurar o presente da empresa. Será que fazer isto é suficiente para assegurar o futuro da empresa?

Então como se gere o futuro?

Os gestores só estão preocupados com o futuro da empresa, não estão ocupados a construí-lo. Sabemos que o futuro é diferente do presente e que se nada fizermos as empresas não irão sobreviver. Então e o sucesso no futuro? Como se obtém?

O futuro constrói-se com a estratégia e o processo, com as devidas diferenças, é semelhante ao que se descreveu na gestão operacional. O ponto de partida é a definição da missão e da visão, que geram objetivos e que implicam escolhas de caminhos a seguir para os atingir. Definidos os objetivos é necessário decompô-los para que se possam definir ações que permitam alcança-los. Para estas ações é necessário definir responsáveis e afetar recursos para a sua implementação. Depois é indispensável envolver e motivar os colaboradores da empresa, alinhar os objetivos individuais e departamentais com os globais e controlar a implementação das ações para garantir que se atingem as metas previstas.

Esta é uma tarefa fundamental para garantir a sustentabilidade do negócio. Kaplan e Norton (autores do Balanced Scorecard, uma das principais ferramentas de gestão) sugerem a criação de Gabinete de Gestão da Estratégia para apoiar a gestão de topo em todo este processo.

Trata-se de recolher informação e conhecimento necessário para garantir que, em ambientes de mudança, a empresa se adapte e se distinga da concorrência, desenvolvendo capacidades dinâmicas. Passa-se de um contexto estático ou menos dinâmico da gestão operacional, para dinâmicas de mudança e ajustamentos. Assim a empresa conseguirá construir o seu futuro e aprenderá a lidar com a complexidade tirando partido das dinâmicas de mudança, projetando-se e criando o seu futuro com sucesso.