Somos constantemente surpreendidos por notícias que abalam as nossas convicções e que influenciam a gestão das nossas empresas. A questão fundamental é como reagimos e, sobretudo, como conseguimos ter sucesso em ambientes tão voláteis. Para ilustrar estes desafios vou partir de quatro notícias relevantes para as empresas que não vão deixar de influenciar os resultados a curto/médio prazo.

Primeira notícia: Atentados em França, 20 mortos. Afinal o fundamentalismo está ao nosso lado e abalou o clima de segurança e confiança que existia na europa. Em consequência este clima atinge a economia e pode baixar as expectativas dos agentes económicos e contribuir para reduzir o crescimento.

Segunda notícia: Das 50 empresas mais valiosas 33 são americanas e só 3 europeias, assistindo-se à emergência das empresas Chinesas nos rankings mundiais (a tecnológica chinesa Ali Baba é a sexta mais valiosa). Esta notícia mostra bem o decréscimo de importância das empresas europeias na economia mundial e mostra a incapacidade de ultrapassar a recessão que atravessa as nossas economias, a recuperação da economia americana e o crescimento que se regista nos mercados emergentes. Conclusão, para aproveitar taxas de crescimento favoráveis as empresas portuguesas precisam de encontrar novos mercados.

Terceira notícia: o presidente da SONAE Sierra afirmou que a recuperação dos negócios dos seus arrendatários vai demorar. Isto significa que no comércio a recuperação vai demorar. Mais um sinal que a procura no mercado interno, apesar de se prever um ligeiro crescimento neste ano, vai demorar a recuperar os níveis de 2011. Isto significa, para as empresas que estão centradas no mercado nacional, reduzidas taxas de crescimento para os próximos anos.

Quarta notícia: o presidente da Cotec constatou, através da análise das demonstrações financeiras das empresas exportadoras que as exportações portuguesas têm crescido de forma sustentada mas os resultados não. Isto significa que os aumentos nas exportações, em geral, têm sido conseguidos com reduções de preços e de margens.

Estas notícias ilustram bem a dinâmica de mudança que se verifica nos mercados e que influenciam o comportamento das empresas.

E agora? O que fazer?

Não ignorando que a resposta de cada empresa depende da sua situação concreta irei alinhar algumas reflexões pessoais que podem apoiar ações concretas de cada um.

A primeira nota é que cada empresa deve estar atenta à mudança e identificar aquelas que terão mais impacto no seu negócio. Quanto mais cedo as detetar, mais cedo pode agir e encontrar respostas adequadas. Para isso é fundamental acompanhar constantemente a evolução dos seus resultados e verificar que fatores estão a influenciar os desvios. Se forem fatores externos, identifica-los o mais cedo possível e encontrar as medidas adequadas. Na linha de Darwin podemos afirmar que quem sobrevive não são os maiores, nem os mais fortes nem os mais inteligentes mas os que se adaptam às mudanças.

A segunda nota é que devemos ter informação atempada. Note que as grandes empresas cotadas em bolsa fecham as suas contas neste mês de Janeiro, em Abril apresentam resultados do primeiro trimestre, em finais de Julho os resultados do primeiro semestre … Também as PME devem fazer o mesmo para saberem os resultados das decisões que tomam e poderem corrigir o seu rumo. Kaplan e Norton afirmam que só se obtém aquilo que se mede. Se queremos obter resultados temos que os medir constantemente, acompanhado a sua evolução e tomando as decisões adequadas e depois avaliar se as decisões tomadas estão a produzir os efeitos esperados.

Nota final, o sucesso constrói-se explorando as oportunidades do contexto externo, potenciando aquilo que cada empresa tem de melhor, encontrando respostas às exigências do mercado e obtendo resultados para a empresa. Ajustar e medir são palavras-chave em momentos de mudança.