A resposta de Drucker em 1964, há mais de 45 anos é que sim. Para isso escreveu um livro “Managing for Results” e no prefácio à edição de 1985 refere que o título original do livro era “Business Strategy” (Estratégia). No entanto o termo “estratégia” à data, não era comum e por isso o título alterou-se, mas o objetivo permaneceu.
Sobre o futuro, Drucker afirma que será diferente e não uma continuação do presente. As mudanças acontecem no ambiente externo resultantes de alterações na tecnologia, na redução da taxa da natalidade, no envelhecimento da população ou outros fatores. Há sempre um desfasamento entre a emergência da tendência no contexto externo e o seu aproveitamento económico. Estas alterações têm impacto, mudam a sociedade e quem não se ajustar não sobreviverá.
Essa mudança, nas empresas, origina-se em pequenas ideias que por serem pequenas não são consideradas pelas grandes empresas.
A indústria química alemã teve origem na descoberta em Inglaterra das tintas de anilina por Perkins em 1856. A ideia que possibilitou o desenvolvimento da banca de investimento de Saint Simon foi aproveitada pelos irmãos Pereire, que em meados do século dezanove constituíram o Credit Mobilier que foi depois replicado em todo o mundo. O esforço que se fará para desenvolver e amplificar essa pequena ideia inicial, com potencial e capacidade para gerar riqueza, é crucial para o seu sucesso. Como salienta Drucker “fazer o futuro acontecer exige mais trabalho do que génio”.
O pressuposto do livro é que os negócios existem para produzirem resultados no exterior já que no interior da empresa só existem custos. O livro começa com a análise das realidades do negócio, que se situam no exterior: mercado e clientes. Os gestores devem considerar estas realidades como desafios e as empresas devem assumir um posicionamento em relação a essas realidades, convertendo-as em oportunidades para desempenhos elevados.
Trata-se então de garantir que se tem sucesso nos negócios atuais através da gestão das operações e garantir que se continuará a ter sucesso no futuro através da estratégia. Devem ser conciliadas estas duas dimensões da gestão.
A empresa atual precisa de ser eficaz. O seu potencial deve ser identificado e realizado e deverá ser transformado numa empresa diferente para um futuro diferente.
Para se poder passar de um estado para outro deve ter-se em consideração:
- Os Resultados e os recursos não estão no interior da empresa: Os resultados dependem de fatores externos, clientes e mercados que validam se o que é feito internamente se transforma em resultados ou perdas. Destaca ainda que o recurso que pode fazer a diferença é o conhecimento e que este também está fora da empresa (está em parte nas pessoas que o levam consigo todos os dias, na sociedade e também está em parte incorporado nos processos internos);
- Os resultados são obtidos pelo aproveitamento das oportunidades: Se eliminarmos um problema quando muito podemos eliminar uma restrição. Então para se produzirem resultados os recursos devem ser alocados às oportunidades. O foco deve ser encontrar as coisas certas e nelas concentrar recursos;
- Os resultados económicos são conquistados pela liderança: Os lucros elevados são recompensa de contribuição única ou pela existência de algo diferente e significativo valorizado pelo cliente ou mercado;
- Qualquer posição de liderança é transitória e provavelmente de curta duração: Significa que as empresas cientes desta evolução no mercado em resultado da resposta de concorrentes devem procurar novas vias para mudar a atividade comercial para se adaptarem a novas realidades;
- Existe elevada probabilidade de distribuição errada dos recursos existentes: Sabemos que um número reduzido de eventos (entre 10% e 20%) representam 90% de todos os resultados. Será que a nossa afetação de recursos é coerente ou estamos a dispersar recursos em eventos que não contribuem para os resultados?
Sabe-se que a chave para se obterem resultados económicos é concentrar esforços num número reduzido de produtos, serviços e clientes. O mesmo se aplica aos recursos humanos de elevado potencial cujo conhecimento é incorporado no trabalho que realizam e também na capacidade de gestão.
Devemos preparar um plano de longo prazo com responsáveis, ancorado nas melhores práticas do negócio e deve existir um foco na performance incorporado na cultura da organização, das pessoas e do trabalho.
Finalmente, como o conhecimento é o recurso central para o sucesso, deve existir um compromisso de todos para atuarem como empresários e potenciarem a aplicação do conhecimento gerando desempenhos elevados.
Esta contribuição de Peter Drucker para a construção do futuro de forma dinâmica assente no conhecimento das pessoas e na análise exploração do ambiente externo é relevante para o nosso conhecimento e antecipa alguns temas que são atuais.
Drucker nasceu no dia 19 de novembro de 1909 em Viena e faleceu a 11 de novembro de 2005 em Claremont, Califórnia, Estados Unidos.
Revisitar Drucker é um desafio, uma fonte de inspiração e aprendizagem que não posso dispensar. Esta obra de 1964 desempenha importante papel no conhecimento e desenvolvimento do nosso conhecimento em estratégia e gestão.
E a sua empresa, está presa ao presente ou a moldar o futuro?