Uma questão que está sempre na ordem do dia é como poderemos melhorar o desempenho da nossa empresa.

O ponto de partida é o propósito (What?) da nossa empresa para os próximos anos, a Visão. Este é o grande objetivo que queremos alcançar. Para isso é fundamental definirmos como o vamos atingir (How?). Ora foi justamente para responder a estas questões que se desenvolveu a metodologia OKR.

Os OKR (Objectives and Key Results ou, em português, Objetivos e Resultados Chave) têm sido aplicados ao longo dos anos com enorme sucesso em empresas tecnológicas como a Google, LinkedIn, Oracle, Spotify, em empresas mais tradicionais como a BMW, Exxon, Samsung, Disney, e até em fundações como a Bill & Melinda Gates Foudation, entre muitos exemplos de diversos setores de atividade e entidades de diferentes dimensões.

A metodologia OKR é um sistema de estabelecimento de objetivos e resultados para empresas, equipas e pessoas que foi originalmente desenvolvido por A. Grove na Intel. John Doerr teve acesso a esta metodologia quando colaborou na Intel nos anos setenta e o seu trabalho permitiu-lhe sistematizar o processo, aplicá-lo em diferentes contextos e empresas e finalmente divulgá-lo em livro (1).

Doerr definiu os OKR como “uma metodologia de gestão que ajuda a garantir que a empresa foca os esforços naquilo que é importante em toda a organização”. Permite então estabelecer objetivos e comunicar o que se pretende e que milestones devem ser atingidas para o alcançar.

Este sistema permite estabelecer objetivos (What?) que fixam a direção e que decorrem do propósito da empresa. Estes objetivos devem ser: Relevantes, Concretos, Orientados para ação e Inspiradores.

Após esta fase definem-se os Resultados Chave (How?) e os Indicadores que vão permitir alcançar o Objetivo.

Os Resultados Chave devem ter a seguintes características: Específicos e Datados; Desafiantes mas Realistas; Mensuráveis e Verificáveis. Estes Resultados podem ser monitorizados numa base semanal, mensal, trimestral, anual ou plurianual.

Os Resultados Chave vão sendo ajustados à medida que progredimos em relação ao objetivo.

Esta metodologia apresenta as seguintes vantagens:

  • Permite o Foco e o Compromisso com as prioridades para se conseguir um desempenho de excelência envolvendo as equipas e pessoas;
  • Alinha e conecta as equipas tornado claras e transparentes as metas a alcançar, impelindo cada membro a traçar os seus objetivos alinhados com os da empresa, reforçando assim o compromisso de todos e de cada um;
  • Identifica as responsabilidades e permite, porque se baseia na informação, verificar o desempenho. A decisão é simples atingiu-se ou não. Se for necessário efetuam-se os ajustes adequados;
  • Promove o feedback e a celebração de pequenas ou grandes vitórias, estimulando o progresso e o envolvimento individual e coletivo;
  • Permite alcançar metas que não pensávamos serem possíveis, porque testa os limites e promove a ambição de cada um.

Estabelecer metas difíceis de alcançar impacta mais eficientemente na performance do que estabelecer metas fáceis de alcançar. Metas específicas e desafiantes produzem um melhor resultado do que metas pouco claras e 90% dos estudos confirmam que se aumenta a produtividade através de metas desafiantes e bem definidas, inspirando os participantes a melhorarem a performance.

A Google é uma referência na utilização de OKR para sustentar o seu crescimento e sucesso desde 1999 até ao presente.

Nas PME os OKR são uma linguagem para a execução e mantêm os colaboradores alinhados. Nas start-ups é fundamental que todos estejam a empurrar na mesma direção e os OKR são uma ferramenta de sobrevivência.

Os OKR promovem disciplina no pensamento, clareza na comunicação e ação com propósito. Grove defendia que “as ideias são simples, a execução é que importa”. Por isso este sistema é simples e focado no desempenho operacional e na sua monitorização. A pergunta final é muito simples: Atingiram-se os resultados? Sim ou não?

OKR

 

John Doerr, “Measure What Matters”, New York: Penguin, 2018.