Quando alguém nos faz uma pergunta, qual é normalmente a nossa reação? Responder!

A realidade é que ao longo dos anos somos “treinados” para responder a perguntas, não para as fazer. Afinal, quem é que recebe o prémio, o louvor, a recompensa? Quem pergunta ou quem responde?

Mas a realidade é que a pergunta é tão ou mais importante que a resposta, pois a qualidade da resposta depende muito da qualidade da pergunta.

As perguntas sempre me fascinaram e a fase dos porquês, que normalmente anda ali pelos 4-5 anos de idade, foi-se prolongando até que os meus pais, cansados de tanta pergunta, me ofereceram um livro com o sugestivo título “Porquê?” (já eu andava na escola).

De acordo com Pohlmann and Thomas, o discurso de uma criança é constituído por cerca de 70 a 80% de perguntas, enquanto o dos adultos, em geral, anda pelos 15 a 25%.

Para a maioria das pessoas as perguntas estão relacionadas com o “não saber”, de uma forma por vezes até um pouco negativa. Frequentemente aceitamos a resposta que nos dão e não questionamos mais, tirando as nossas próprias conclusões e completando as partes em falta com as nossas deduções.

Esta atitude gera ruido na comunicação e mal-entendidos, pois nem sempre o emissor e o recetor de uma mensagem estão em sintonia e originando-se assim muitos dos problemas da comunicação.

As crianças querem aprender, explorar, conhecer o que as rodeia e por isso questionam. Questionam para clarificar as respostas que ouvem, para explorar aspetos relacionados, para irem mais fundo nos assuntos aflorados.

Para dizer a verdade, eu nunca cheguei a abandonar a fase dos porquês. Fosse pela veia da ciência ou simplesmente pela minha curiosidade e vontade de aprender, continuei pela vida fora a questionar muito. Foi por isso que fiquei tão feliz quando me cruzei com a ferramenta de Qualidade “5 porquês”. Segundo esta prática, que teve origem na Toyota, Japão, para conhecermos a causa-raiz de um problema é importante questionarmos “porquê?”  5 vezes, sob o risco de ficarmos apenas pelos sintomas.

Mas as perguntas também são a estrela de outras metodologias. Depois da Qualidade, voltei a descobri-las no Coaching. E aqui, as perguntas são a base. Um coach não dá respostas, um coach faz perguntas.

Claro que aqui as perguntas são um pouco diferentes. O coach não questiona para ficar a saber algo, questiona para que o coachee (cliente) encontre as suas próprias respostas. Um coach tem a habilidade de encontrar a pergunta que o coachee “está a pedir” naquele momento para avançar para o próximo patamar.

As perguntas no Coaching são perguntas naturais e abertas. Perguntas simples como “O quê?”, “Como?”, “Quais?”, “Para quê?”. São perguntas que fazem pensar e ativam recursos internos, incitando respostas de qualidade e elevando o pensamento a um novo nível, com foco no presente e no futuro e orientadas para a solução.

E com esta técnica tão simples, e simultaneamente tão complexa, o coach assiste o coachee na descoberta de si mesmo, dos seus objetivos, dos seus recursos, daquilo que está disposto a fazer e como se vai comprometer, dando origem a uma maior motivação e a resultados de excelência.

E agora? Está preparado para voltar a ser criança e perguntar, perguntar, perguntar?