Os conteúdos perfeitos existem? Se os conteúdos fossem Atena… Na mitologia grega, Atena era a deusa da sabedoria, aquela que nasceu, já adulta, do cérebro do seu pai, Zeus. Mal nasceu, Atena estava preparada para a vida, era perfeita. Esta representação da perfeição está longe de se aplicar aos conteúdos, uma vez que dificilmente se consegue criar algo ideal à primeira tentativa – e é raro escrever textos que não precisem de ser, no mínimo, ajustados.

Quando escrevemos na Web, nas redes sociais ou para os nossos contactos via e-mail, as palavras são a nossa moeda de troca. É importante nunca esquecer que as palavras que utilizamos revelam quem somos ou como nos posicionamos. Basta marcarmos presença nas redes sociais e entramos de imediato no mundo do Marketing, o que significa que todos somos escritores (cf. Handley, 2014)[1].

O segredo da escrita eficaz reside em aceitamos os desafios colocados pelo suporte digital – respeitar o público, fazendo uso das palavras com clareza, brevidade e utilidade, é fundamental. Um texto bem escrito está ao serviço do leitor (do cliente), é a ele que os nossos conteúdos têm de agradar; um texto bem escrito antecipa as questões do leitor (do cliente) e dá respostas.

Mas somos mesmo todos escritores? Somos, sim. Quer sejamos inexperientes, quer tenhamos escrito algumas coisas, quer a escrita faça parte do nosso dia-a-dia. Há escritores bons e escritores menos bons, como em tudo na vida; mas podemos sempre ser melhores. A estratégia trifásica é particularmente produtiva:

  • Tudo começa com… a escrita. O segredo é não escrever muito, mas sim escrever regularmente. Escrever todos os dias. Escrever textos feios, escrever mal, escrever com erros, escrever primeiras versões, escrever ideias, escrever textos que nem merecem essa designação.
  • E o que fazemos com estes pseudo- textos? Nada, para já. Depois de darmos corpo às primeiras ideias, é fundamental criarmos algum distanciamento: afastamo-nos do texto, deixamo-lo em ‘banho-maria’. O processo de criação pode ser confuso, com a imaginação em sobressalto, e por isso mesmo é importante parar para pensar, ponderar – ou não pensar sequer.
  • Depois, deitamos novamente mãos à obra: organizam-se as palavras, dá-se forma aos conteúdos, acrescentam-se pontos, eliminam-se incorrecções. É aqui que percebemos que um segundo olhar nos devolve algo brilhante! Nesta fase, surge o melhor, o mais aprimorado. O segredo para ser um bom escritor? Ler. Escrever. E, acima de tudo, reescrever. Para que algo possa ser melhorado, primeiro tem de existir, não é verdade?

O texto perfeito não existe, logo os conteúdos perfeitos também não; curiosamente, existem inúmeras formas de criar conteúdos terríveis. O mau texto é intragável, enquanto o bom texto tem lógica e estrutura. Os conteúdos bem trabalhados, bem direccionados, os conteúdos que vão ao encontro dos clientes abrem portas para os conquistarmos e fidelizarmos. E, no fundo, são os clientes, através do feedback dado sobre as experiências que lhes proporcionamos, que fazem uma avaliação qualitativa dos nossos conteúdos, avaliação essa que nos permite consolidar, reforçar ou renovar a nossa abordagem.

Sabemos para quem vamos escrever? Decidimos o que queremos dizer? Escolhemos as palavras que vamos utilizar para expressar as nossas ideias? Descobrimos que imagem queremos utilizar para as tornar mais eficazes? É este o momento de pensar nisto. Melhor ainda: é este o momento de tomar nota de todas as ideias e começar a criar, explorar e jogar com as palavras.

 

Nota: redigido ao abrigo do acordo ortográfico de 1945.

[1] Handley, A. (2014). Everybody Writes. New Jersey: Wiley.