Fintech é a abreviatura de “Financial Technology”, um termo que representava inicialmente um conjunto de funções financeiras nos bancos, normalmente de backoffice, que davam suporte à sua atividade comercial.
Hoje podemos definir Fintech como a fusão entre tecnologia e o mundo financeiro. A origem do termo remete para um programa de aceleração de startups promovido pela Accenture em Nova Iorque mas, a sua utilização base estendeu-se para caracterizar a área das startups financeiras que promovem elevados níveis de inovação ao nível dos serviços financeiros com tecnologias disruptivas.
A sua utilização está a generalizar-se e o termo é utilizado para caracterizar inovações tecnológicas a vários níveis do sistema financeiro, incluindo inovações ao nível da educação e literacia financeira e abrange vários tipos de empresas, com várias dimensões.
Com a recente crise financeira, a confiança dos consumidores nos bancos “tradicionais”, a nível mundial, reduziu-se muito ou praticamente desapareceu. Surgiram então oportunidades para o aparecimento de novos players com modelos inovadores de negócio que rompam com o sistema tradicional.
Trata-se de um setor que tem crescido exponencialmente a nível mundial. As possibilidades são imensas mas, tendo em conta a sensibilidade desta área, torna-se necessário criar uma boa reputação e transmitir confiança aos consumidores. São essenciais sistemas robustos e com elevada segurança a todos os níveis, que representam elevadas necessidades de investimento e financiamento.
De acordo com o Financial Technology Partners, um banco de investimento focado neste sector, em 2016 as empresas do Fintech angariaram um valor superior a 36.000 milhões de dólares em mais de 1.500 operações de financiamento, através de mais de 1.700 investidores.
O setor bancário e de empréstimos foi o mais representado, no entanto as empresas na área de pagamentos, lealdade e e-commerce foram as que mais fundos obtiveram junto dos investidores com um valor superior a 40% do total. Estes valores demonstram o elevado interesse que esta indústria tem gerado. A banca mais conservadora tem tido alguma dificuldade em acompanhar esta tendência, que representa uma alteração do paradigma dos modelos de negócio no setor financeiro, com foco na tecnologia.
De acordo com a publicação “What is FinTech?” da pWc, os serviços mais comuns disponibilizados pelas empresas Fintech eram, no início, sistemas de pagamento e empréstimos P2P (peer-to-peer: financiamento entre indivíduos ou empresas sem intermediação, através de uma plataforma que os coloca em contacto). Atualmente assiste-se a uma expansão para outras áreas:
- “Marketplace Lending” (semelhante ao P2P);
- “Crowdfunding”,;
- Empréstimos;
- Dinheiro digital (criptomoedas);
- Soluções de tesouraria;
- Depósitos;
- Pagamentos de contas (água, luz, etc);
- Gestão de investimentos e advisory:
- Entre muitas outros serviços;
Estes produtos e serviços são vendidos normalmente a preços mais baixos que os serviços promovidos pelos bancos tradicionais (pagamentos, transferências, poupança, investimento, etc). Estas empresas fazem uso intensivo de tecnologia e fornecem plataformas user friendly com facilidade de utilização e com disponibilidade total a qualquer altura do dia.
A mesma publicação prevê no futuro muita atividade de inovação nos sistemas B2B (business-to-business), em que as blockchain* assumirão um papel crucial. Estas disrupções têm um impacto importante ao nível dos processos de negócio de todas as empresas, reduzindo os seus custos.
Ao mesmo tempo, à medida que este setor vai evoluindo vão surgindo novas oportunidades de negócio e as autoridades vão aumentando a sua atenção para este tema. Existem em Portugal algumas empresas a operar neste mercado, trazendo novas exigências ao governo e aos reguladores. A tecnologia pode trazer maior transparência e mais eficiência à banca nacional.
Estas inovações trazem boas notícias para as empresas não financeiras, aumentando as possibilidades e as soluções de financiamento e de serviços financeiros, reduzindo os seus custos e aproximando as empresas dos seus clientes.
Esta disrupção vai trazer novas exigências a nível económico e social, com o desaparecimento de alguns postos de trabalho (refletido nos bancos à medida que vão reduzindo a sua estrutura de efetivos) e o surgimento de novas oportunidades no mercado, sobretudo tecnológicas.
O foco no cliente será o principal elemento de diferenciação. Uma empresa que consiga chegar rapidamente ao seu mercado e fornecer aos seus clientes os produtos ou serviços que necessitam de uma forma inovadora terá uma oportunidade única de triunfar neste mercado.
“We’re witnessing the creative destruction of financial services, rearranging itself around the costumer. Who does this in the most relevant, exciting way using data and digital, wins!”
Arvind Sankaran
* Blockchain – De um modo muito resumido, trata-se um sistema contínuo de registos (blocos), que estão ligados entre si e encriptados. Cada bloco contém uma chave de ligação ao bloco anterior e ao seguinte, registos temporais e informação sobre a transação representada por esse mesmo bloco. É um sistema que funciona numa rede descentralizada e que permite um registo eficaz e seguro de transações entre duas entidades. É a tecnologia sob a qual assenta a construção das criptomoedas.