Um dos temas do momento é a valorização galopante das criptomoedas em geral e da mais representativa de todas, a Bitcoin, em particular.
No gráfico seguinte é possível verificar a valorização da criptmoeda desde os $0.07 em Agosto de 2010 para $5,895.30 a 23/10/2017, o que representa uma valorização de 84 mil porcento e com um valor de mercado atual superior a 95 mil milhões de euros.

O que é uma criptomoeda?
Uma criptomoeda é um ativo digital, concebido para funcionar como meio ou plataforma de troca, que garante a segurança das transações e a criação de novas unidades da moeda através de criptografia.
A Bitcoin foi a primeira criptomoeda criada de forma descentralizada em 2009. A descentralização da moeda surge ao mesmo tempo como a maior mais valia e a maior ameaça ao seu futuro.
Ao ser descentralizada, a Bitcoin não depende do controlo dos bancos centrais nem do sistema financeiro, como uma moeda fiat ou fiduciária (por exemplo, o euro). Uma moeda fiat não tem qualquer valor intrínseco, o seu valor advém da confiança em quem emite esse título, os bancos centrais. Por este facto têm surgido nos media notícias da relutância de bancos e governos face à Bitcoin, ao mesmo tempo que tentam regulamentar a sua utilização.
A descentralização da Bitcoin advém da utilização da sua Blockchain.
Sem entrar em explicações demasiado técnicas, podemos definir uma Blockchain como um sistema de registos públicos (legders) e partilhados que comprovam e validam a execução de transações entre duas partes, sem a intervenção de um terceiro. É constituída por bases de dados descentralizadas e por uma rede peer-to-peer* (ver, por exemplo, este vídeo explicativo da HBR)
A Blockchain regista assim todas as transações que ocorrem em bitcoins sem a intervenção de um computador central. O funcionamento da rede é garantido por um conjunto de nós (ou pontos) de rede, que utilizam o software bitcoin. Cada nó valida determinada transação, regista essa transação no seu ledger e partilha esse ledger na rede, resultando numa cadeia de blocos (Blockchain) interligados.
Um utilizador privado ou uma empresa poderão ter uma carteira de criptomoedas, onde estão registados os acessos digitais às Bitcoin (p.ex.) que possui.
A Blockchain é uma das tecnologias que mais tem progredido em 2017 e tem na Bitcoin a sua face mais visível, mas possui inúmeras outras aplicações e tem potencial para alterações disruptivas na forma como se fazem negócios e no funcionamento das empresas, nomeadamente na construção de um sistema robusto e descentralizado de registo de operações.
A IBM prevê que em 2020, dois terços das instituições bancárias a nível mundial estarão a usar ferramentas e programas que têm na sua base a tecnologia Blockchain. A maior das instituições bancárias está já a desenvolver processos assentes nesta tecnologia, na procura de reduzir os seus custos com as transações, diminuir as fraudes e torna-los mais eficientes.
Um outro exemplo de aplicação desta tecnologia são os Smart Contracts, que consistem em funções que permitem fazer transações, comprar propriedades ou ativos, stocks, equipamentos ou tudo o que tenha valor de uma forma transparente e sem conflitos, dispensando a intervenção de um intermediário.
Por exemplo, uma empresa pretende adquirir um edifício para instalar a sua nova unidade produtiva. Atualmente é necessário recorrer a um intermediário (advogado, agência imobiliária, notário, etc.). Com um Smart Contract a empresa deposita a quantidade acordada de Bitcoins (ou outra criptomoeda) para a venda do imóvel na Blockchain e condiciona a sua entrega ao vendedor ao cumprimento de determinada condição (transferência de propriedade) que fica registada na cadeia e funciona como um contrato normal. Quando o vendedor cumprir a condição as Bitcoins são libertadas e entram na sua carteira, finalizando a transação. Todo este processo é supervisionado por toda a rede.
Processos idênticos poderão ser estabelecidos com fornecedores, clientes, para pagamento de contas regulares como a água e a luz e um sem número de outras utilizações.
A utilidade que estes processos podem trazer às empresas é de um valor incalculável e permite agilizar de forma bastante rápida, tarefas que hoje dependem de intermediários (advogados, notários, contabilistas).
Uma tecnologia desde género vem alterar de forma significativa o funcionamento das empresas e mesmo o papel de alguns profissionais.
A tecnologia veio para ficar e está a ser implementada, sobretudo pelos gigantes tecnológicos e pela banca, mas surgem também diariamente startups que assentam o seu modelo de negócio na tecnologia Blockchain.
As criptomoedas serão o futuro das transações globais, dúvidas persistem se será a Bitcoin ou outra moeda a principal referência, mas a validade das mesmas tem vindo a ser comprovada pelo interesse que alguns governos têm demonstrado, tendo mesmo alguns já iniciado o desenvolvimento de moedas próprias (China, Rússia, entre outras).
Na Europa as entidades têm acompanhado o desenvolvimento da Bitcoin e vários países estão a preparar legislação para se tornarem mais Bitcoin-friendly. Outros optam por emitir alguns avisos sobre a sua utilização e existem também alguns países que têm uma postura neutra face à mesma.
A tecnologia está aí, cabe aos empresários analisar as formas de utilização que podem beneficiar as suas empresas.
“The blockchain is the financial challenge of our time. It is going to change the way that our financial world operates.”
Blythe Masters (Ex Executiva do JPMorgan Chase e CEO da Digital Asset Holdings)
*peer-to-peer – sistema de redes de computadores em que cada nó funciona ao mesmo tempo como cliente e servidor (fornece e recebe dados), potenciando a partilhado de dados sem a intervenção de um servidor central.
Olá Marcos Ramos, muito bom artigo e o melhor tudo, muito clara as informações, os Smart Contract vai ser só mais um passo dessa tecnologia que veio pra ficar. Eu creio que em poucos anos o dinheiro de Papel vai ser uma coisa rara como cheque, a gente sabe que existe mas poucos vão usar.
A grande maioria das pessoas já usam cartão de crédito e débito, pra frente quando começarem a surgir os cartões que aceitem Bitcoin o comércio vai disparar, pois pense em algo chato é fazer uma compra no exterior e pagar taxa que a pessoa nem sabia que existia.
Abraço!