Segundo a ACAP – Associação do Comércio Automóvel de Portugal, as vendas de veículos elétricos (100% elétricos, híbridos “plug-in” e híbridos) quase triplicaram de janeiro a abril de 2018, representando cerca de 6% das vendas globais de veículos, e têm uma expressão cada vez maior em todo o mundo.

Apesar deste aumento, segundo o Observador.pt, os fabricantes europeus ainda “brincam” aos carros elétricos, produzindo-os essencialmente para baixar as emissões médias das gamas. No entanto a sua produção (veículos 100% elétricos, híbridos e híbridos “plug-in”) tem aumentado substancialmente com a Volvo a anunciar que a partir do próximo ano todos os seus veículos serão elétricos e a Mercedes Benz, por exemplo, a anunciar que até 2025 estes veículos irão representar 15 a 25% das suas vendas totais, com modelos que vão do SMART aos SUV.

O aumento da expressividade dos veículos elétricos traz também novos líderes na indústria automóvel. De acordo com o ICCT – International Council on Clean Transportation a China lidera a produção e venda de veículos elétricos, representando cerca de metade deste mercado. A Europa produz 21% destes veículos, os EUA 17%, o Japão 8% e a Coreia do Sul 3%. No Top 20 dos principais fabricantes mundiais de veículos elétricos temos 9 com sede na China, 4 têm sede na Europa, 3 nos EUA, 3 no Japão e 1 na Coreia do Sul.

O enorme desenvolvimento que a China tem tido neste setor não é alheio aos incentivos estatais, que apostou fortemente na mobilidade elétrica como forma de diminuir a poluição. No entanto, enquanto que a nível económico esta medida teve um impacto importante, a nível ambiental traduziu-se num aumento da poluição, já que na China a energia elétrica é produzida maioritariamente a partir de combustíveis fósseis.

Já na Europa, onde também vários países apostam em incentivos estatais para o desenvolvimento da mobilidade elétrica, o efeito a nível ambiental é positivo, pois a produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis já é expressiva, mas a nível económico poderá ser negativo uma vez que, por um lado, algumas marcas, como a Volvo, preferem produzir os seus veículos elétricos na Ásia e, por outro lado, as marcas asiáticas estão a ficar com este segmento mais desenvolvido conquistando maior quota de mercado na europa.

Se pensarmos no peso que o setor automóvel tem nas exportações nacionais e, em particular na nossa região, em que as exportações de moldes se destinam maioritariamente para a indústria automóvel europeia, e que a complexidade dos veículos elétricos é menor, esta pode ser uma ameaça relevante para a nossa economia.

Mas o desenvolvimento da mobilidade elétrica também traz novas oportunidades e os Açores vão receber uma fábrica de carros elétricos para uso profissional e turístico sob a marca Azor, que começarão a ser comercializados já em 2020.

A mobilidade elétrica traz muitos desafios e um deles é sem dúvida a questão do abastecimento. Apesar do desenvolvimento de baterias que proporcionam cada vez mais autonomia, o tempo requerido para o carregamento de uma bateria é desafiante em termos da sustentabilidade dos postos de abastecimento. Com novos desafios surgem também as novas oportunidades e a Amazon e a Tesla estão a desenvolver drones com capacidade para efetuarem o carregamento da bateria diretamente e em movimento, sendo que a Amazon já patenteou a sua tecnologia. Assim, nem será necessário parar para abastecer, quanto mais permanecer períodos prolongados no posto de abastecimento.

Os veículos elétricos podem ser uma ameaça ou uma oportunidade. O que importa mesmo é estar atento e ser proativo. É importante conhecer bem os riscos que estes desenvolvimentos tecnológicos poderão ter no nosso negócio e que oportunidades representam. E depois de estarmos cientes dos riscos e oportunidades, da sua probabilidade de ocorrência e do impacto que irão ter, é hora de definirmos cenários e equacionarmos diferentes soluções para cada uma das situações relevantes que possam vir a acontecer. Ou seja, implementar um modelo de Gestão do Risco.