Será que o BSC ainda tem sentido 22 anos após a introdução deste conceito?

Em 1992 Kaplan e Norton (KN) introduziram o conceito de Balanced Scorecard como um sistema de medição e reporting da estratégia. O desenvolvimento e aplicação destes conceitos revolucionaram a área da estratégia e da performance, desde logo, pela nova abordagem na medição da performance em que se acrescentava, às medidas convencionais da área financeira, medidas de satisfação de clientes, dos processos interno e de atividades de inovação e aprendizagem. Esta abordagem teve origem num trabalho realizado pela AMD, ligado à gestão pela qualidade total e à necessidade de existirem indicadores de suporte aos processos de melhoria e à satisfação dos clientes. O resultado foi o BSC como sistema de medição da performance, oferecendo uma noção equilibrada (balanced) e integrada da performance organizacional.

Em 1996 os autores alargaram o conceito BSC a um sistema de gestão da estratégia. No centro estão a visão e a estratégia e definem-se quatro processos: clarificar e traduzir a visão e estratégia; comunicar e ligar objetivos estratégicos e medidas; planear estabelecer metas e alinhar iniciativas estratégicas e; melhorar o feedback e a aprendizagem estratégica. Introduzem também as relações de causa-efeito entre os diferentes objetivos e distinguem entre indicadores de resultados e indutores.

Em 2000/2001 KN introduzem os mapas da estratégia como ferramenta central de todo o processo e identificam os cinco princípios fundamentais das empresas focadas na estratégia: traduzir a estratégia em termos operacionais; alinhar a organização pra criar sinergias; tornar a estratégia uma tarefa e todos; a estratégia como processo contínuo e; mobilizar a mudança através da liderança executiva.

Em 2004 desenvolvem os intangíveis como suporte aos processos. A prontidão do capital humano e as ligações com as TI estratégicas e com o capital organizacional apoiam os processos que geram valor para os clientes e que permitem concretizar os objetivos dos acionistas.

Em 2006 KN introduzem o conceito de cascatear a estratégia: ligações com as operações e revisões da estratégia, permitindo alavancar as sinergias entre departamentos e ou unidades de negócio.

Em 2008, depois de todo o processo de desenvolvimento do modelo e da sua ligação à estratégia, KN desenvolvem o modelo de gestão que integra a estratégia, as operações e dinâmicas de ajustamento para acomodar as constantes mudanças no contexto. Este processo, denominado XPP, integra as seguintes etapas: i) Desenvolvimento da estratégia, ii) Planeamento, iii) Alinhamento, iv) Planeamento as operações, v) Monitorizar e aprender e finalmente vi) Testar e adaptar a estratégia. As duas primeiras tratam de clarificar a estratégia, a terceira e a quarta de instrumentos para orientar o desempenho e, finalmente, a quinta e sexta de otimizar a informação para tomar decisões.

No artigo mais recente, em 2012, procurou-se introduzir a gestão do risco no sistema para garantir excelência na execução.
Em 2013, a Bain Company deu a conhecer no seu artigo “Management Tools & Trends 2013” que o Balanced Scorecard é a quinta ferramenta de gestão mais utilizada a nível global, com um índice de satisfação de 3,9 em 4.

O desenvolvimento do modelo BSC, ao longo deste período, foi orientado para melhorar o desempenho das empresas que aplicam esta metodologia, corrigindo lacunas detetadas na sua aplicação concreta à realidade empresarial.

Voltemos à questão inicial: Afinal, o BSC ainda é atual? Espero que encontre a sua resposta.